Após AVC em 2017, Arlindo Cruz não conversou mais com ninguém; relembre como foi o dia do acidente

O Brasil se despede nesta sexta-feira (8) de um dos seus maiores nomes do samba. Arlindo Domingos da Cruz Filho, o Arlindo Cruz, morreu aos 66 anos no Hospital Barra D’Or, na Zona Oeste do Rio, após enfrentar complicações de saúde decorrentes de um acidente vascular cerebral (AVC) hemorrágico sofrido em 2017. Desde então, o cantor, compositor e instrumentista não conversou mais com ninguém e convivia com as sequelas, que o afastaram dos palcos, mas não apagaram sua importância na música popular brasileira.
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O episódio que mudou a vida do artista está registrado em detalhes no livro “O sambista perfeito”, biografia lançada este ano pelo jornalista Marcos Salles. No trecho, a mulher do músico, Babi Cruz, relembra a manhã de 17 de março de 2017. Faltavam poucos minutos para as 11h quando Arlindo, animado entrou no banho. Momentos depois, Babi ouviu um barulho e foi até o banheiro. Encontrou o marido desacordado, caído na banheira, com a água do chuveiro batendo em seu rosto.
Segundo o relato de Babi, Arlindo falou, de forma enrolada, “Estou fraco, estou sem força, está doendo”, quando ela entrou no banheiro.
No banheiro da casa, todos já estão tentando ajudar, mas Arlindo, embora ainda consciente, não consegue falar e tenta se comunicar:
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“Ele batia com a mão direita, mostrando que tava sem movimento de um lado. Com os olhos arregalados, ele olhava e mostrava”, lembra Paula Maria, a secretária de Arlindo, que apesar do nervosismo ia ligando e pedindo ajuda.
O socorro mobilizou familiares, amigos e duas equipes médicas — uma do SAMU e outra do Corpo de Bombeiros — que chegaram quase ao mesmo tempo. Foi preciso o esforço conjunto de dez pessoas para retirar o artista, de 145 kg, do banheiro. A primeira tomografia, feita no Hospital Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca, confirmou o diagnóstico: AVC hemorrágico hipertensivo. Horas depois, já na Casa de Saúde São José, no Humaitá, ele passou por cirurgia para controlar a pressão intracraniana.
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“Ele estava acordado e apagou quando foi sedado pela médica na ambulância”, diz Babi.
ÀS 21h10, Arlindo chega à Casa de Saúde São José, no Humaitá. É submetido a uma nova tomografia no cérebro e, em seguida, a um procedimento cirúrgico para introdução de um cateter intracerebral, afim de controlar a pressão intracraniana, pois a tomografia confirmava o AVC.
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Depois do AVC
A partir dali, começou um longo período de internações e tratamentos. Após um ano e três meses hospitalizado, Arlindo recebeu alta e passou a fazer sessões de fisioterapia e fonoaudiologia em casa. Em março de 2025, voltou a ser internado, apresentando dificuldades para responder a estímulos e enfrentando uma bactéria resistente adquirida após um quadro de pneumonia.
Compositor consagrado
Nascido em Piedade, no subúrbio do Rio, em 1958, Arlindo começou a tocar cavaquinho aos 6 anos. Na década de 1980, integrou o grupo Fundo de Quintal, após a saída de Jorge Aragão, e, anos depois, se consolidou em carreira solo e na parceria com Sombrinha. Foi autor de mais de 500 composições gravadas por nomes como Beth Carvalho e Zeca Pagodinho, além de sambas-enredo para a Império Serrano.
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Nos anos 2010, conquistou um público ainda maior com participações em programas de TV, como o “Esquenta!”, apresentado por Regina Casé. O AVC interrompeu sua trajetória, mas não a conexão com os fãs, mantida por meio da família e de homenagens.
Arlindo deixa a esposa, Babi Cruz, com quem era casado desde 2012, e dois filhos: Arlindinho e Flora.



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