Antes de TH Jóias, Rio teve outros políticos presos por suspeita de envolvimento com o crime; relembre

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TH Joias ao chegar na sede da Polícia Federal no Rio, após ser preso por suspeita de envolvimento com o CV — Foto: Fabiano Rocha / Agência O Globo


Suplente da Assembleia Legislativa do Rio, o deputado estadual TH Jóias assumiu sua cadeira recentemente, no lugar de Otoni de Paula Pai, que morreu no ano passado. Nesta quarta-feira, Thiego Raimundo dos Santos Silva, nome de batismo do parlamentar, foi preso, por suspeita de ligação com a facção criminosa Comando Vermelho (CV). Esta não é a primeira vez que um político fluminense é preso por suspeita de envolvimento com o crime. Relembre outros nomes.

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Prefeito e dois vereadores de Japeri por suspeita de associação para o tráfico

Carlos Moraes (de boné) na chegada à Cidade da Polícia quando foi preso, em 2018 — Foto: Pablo Jacob / Agência O Globo / 27-07-2018

Em julho de 2018, Carlos Moraes, então prefeito de Japeri, na Baixada Fluminense, foi preso pela polícia por suspeita de envolvimento com o tráfico de drogas da região. Na ocasião, o Ministério Público do Rio apontou que os vereadores Wesley George de Oliveira, o Miga, e Cláudio José da Silva, o Cacau, que também foram presos, também fariam parte de um grupo que se aproveitaria de ocupar cargos públicos para favorecer traficantes do Complexo do Guandu.

Em interceptações telefônicas, o prefeito foi flagrado conversando em mais de uma ocasião com o traficante Breno de Souza, o BR. Em uma dessas escutas, o bandido ligou para o prefeito de Japeri e para outras pessoas influentes do município pedindo a interrupção de uma operação policial no Guandu, que tentava impedir a realização de um baile funk na comunidade.

Em outra gravação, Moraes retornou a ligação para Breno, afirmando estar “empenhado em atender a demanda” e se oferecendo para passar informações privilegiadas sobre outra operação policial na região. Na mesma conversa, disse ainda que, em companhia do vereador Wesley George, procuraria o comando do 24º BPM para “alinhar com o mesmo”. O vereador Cláudio José também teria se mobilizado para atender ao pedido do traficante, ligando para Breno e se prontificando a ajudar a encontrar uma solução para a intervenção policial na comunidade.

Vereador Cláudio José da Silva, o Cacau, também preso em 2018 — Foto: Pablo Jacob / Agência O Globo / 27-07-2018
Vereador Cláudio José da Silva, o Cacau, também preso em 2018 — Foto: Pablo Jacob / Agência O Globo / 27-07-2018
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Vereador Jerominho e seu irmão, Natalino, acusados de chefiar milícia

Em dezembro de 2007, o então vereador Jerônimo Guimarães Filho, o Jerominho, foi preso acusado de ser um dos chefes da milícia nomeada de Liga da Justiça. Na ocasião, ao chegar à 35ª DP (Campo Grande), o então parlamentar, inspetor de Polícia Civil licenciado, foi à delegacia exigir informações sobre um mandado de prisão expedido em nome do filho, o soldado da PM reformado Luciano Guinâncio Guimarães. O vereador não sabia que, além do filho, havia mandados de prisão desde o dia 22 contra ele e outras oito pessoas.

Jerominho ficou mais de uma década preso ao lado do ex-deputado e irmão, Natalino Guimarães — Foto: Gustavo Azeredo
Jerominho ficou mais de uma década preso ao lado do ex-deputado e irmão, Natalino Guimarães — Foto: Gustavo Azeredo

Denunciado por formação de quadrilha, acusado de comandar a mesma milícia que seu irmão, no entanto, o então deputado estadual Natalino Guimarães não foi preso por essa denúncia, por ter foro privilegiado. No ano seguinte, porém, Natalino foi preso em flagrante por tentativa de homicídio, porte ilegal de arma e formação de quadrilha. Na ocasião, sua casa foi cercada por cem policiais e houve troca de tiros, enquanto tentava fugir. Segundo os agentes envolvidos na ação, o então deputado usava uma pistola. Foram apreendidos no imóvel um fuzil e uma escopeta.

Jerominho foi assassinado em 4 agosto de 2022. Ele foi baleado por homens com fuzis na Estrada Guandu do Sapê, em Campo Grande, na Zona Oeste carioca. Atingido numa das pernas e no abdômen, o ex-vereador chegou a ser socorrido para um hospital particular, onde morreu. Já Natalino voltou a ser preso no ano passado, por invasão de terras, crimes ambientais e loteamento irregular em Búzios, na Região dos Lagos.

Natalino Guimarães voltou a ser preso em 2024 (foto) — Foto: Fabiano Rocha
Natalino Guimarães voltou a ser preso em 2024 (foto) — Foto: Fabiano Rocha
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Candidata foi presa por suspeita de usar milícia para coagir moradores; ela foi eleita mesmo atrás das grades

No pleito de 2008, a candidata a vereadora Carmen Glória Guinâncio Guimarães, a Carminha Jerominho, filha de Jerominho, conseguiu se eleger mesmo estando presa após ser acusada de usar a milícia para coagir eleitores na Zona Oeste. Ela respondeu por formação de quadrilha e formação de curral eleitoral.

A filha de Jerominho estava dentro da penitenciária federal de segurança máxima de Catanduvas, no Paraná, quando saiu o resultado da eleição. Um ano depois da prisão e de ser eleita, a herdeira do clã foi cassada por arrecadação irregular de verba, mas voltou ao cargo em 2011 por decisão do Tribunal Regional Eleitoral (TRE).

Carminha Jerominho foi presa em 2008, quando concorria a vereadora — Foto: Fabiano Rocha
Carminha Jerominho foi presa em 2008, quando concorria a vereadora — Foto: Fabiano Rocha

Outros denunciados por ligação com quadrilha e milícia

O então deputado estadual Jorge Babu foi denunciado pelo Ministério Público do Rio em agosto de 2008, acusado de chefiar uma milícia na Zona Oeste do Rio. O Ministério Público já havia denunciado Babu à Justiça, em 2005, por crimes de formação de quadrilha e concussão, cometidos entre 1997 e 2003.

À frente, Jorge Babu — Foto: Ricardo Leoni / Agência O Globo
À frente, Jorge Babu — Foto: Ricardo Leoni / Agência O Globo

Já a dentista Fernanda da Costa, filha do traficante Fernandinho Beira-Mar, tomou posse como vereadora em Duque de Caxias em 2021. Na ocasião, ela respondia na Justiça Federal de Rondônia a um processo no qual era acusada de integrar a quadrilha comandada pelo pai, chefe do Comando Vermelho. Segundo a investigação da Polícia Federal, a dentista exercia “um papel político e social” na quadrilha do pai em razão dos serviços que presta em comunidades de Caxias.

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A investigação também apontou que Fernanda era pessoa de confiança de seu pai, a quem visitava na cadeia, numa unidade em Porto Velho, capital de Rondônia. O inquérito revelou como Beira-Mar continuava a comandar seus negócios ilegais mesmo preso. Fernanda foi condenada em 2023, a quatro anos e dez meses de reclusão em regime semiaberto. Sua defesa recorreu da decisão.

Fernanda da Costa — Foto: Reprodução
Fernanda da Costa — Foto: Reprodução



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2025-09-04 03:00:00

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