O líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), criticou nesta terça-feira a prisão da deputada Carla Zambelli (PL-SP) e cobrou a Casa Legislativa a reagir.
“Não se trata mais de um caso isolado. É um sinal de que a ruptura institucional já não é um risco, é uma realidade em construção. Se o Parlamento aceitar calado o exílio político de seus membros, a censura de seus líderes e a criminalização da oposição, estará assinando sua própria rendição. Não será por golpe, será por omissão. Por isso, a bancada do PL conclama todas as bancadas e líderes desta Casa a reagirem. Porque hoje é Carla Zambelli. Amanhã, será qualquer um de nós”, disse o líder partidário por meio de nota.
Dois meses após deixar o Brasil, a deputada foi presa na Itália nesta terça-feira depois de ser incluída na lista vermelha da Interpol, o que a tornou procurada em 196 países. A prisão da parlamentar havia sido determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), após ela ser condenada a uma pena de dez anos de reclusão por falsidade ideológica e invasão do sistema eletrônico do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
A declaração do líder do PL contrasta com o tom adotado pelo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), que disse que não cabe à Casa Legislativa colocar em votação a prisão da deputada, que foi detida após ser condenada com trânsito em julgado pelo STF.
Motta declarou que é de responsabilidade da Câmara apenas analisar o pedido de perda de mandato de Zambelli, que já está em tramitação na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa.
O presidente da CCJ, Paulo Azi (União-BA), também já avisou que a prisão da deputada não altera o calendário previsto para a representação que pede a cassação dela. Não há previsão que o relatório do deputado Diego Garcia (Republicanos-PR), responsável pelo caso na comissão, seja adiantado e o parecer deve demorar ainda algumas semanas para ser apresentado.
Apesar da manifestação do líder do PL, os principais nomes do bolsonarismo tem evitado comentar a situação da parlamentar e buscam se distanciar do caso. o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, não fez ainda nenhuma manifestação pública sobre o caso da deputada e o ex-presidente Jair Bolsonaro chegou a falar que “não tem nada a ver” com o caso da parlamentar no começo de junho.