Aliados de Bolsonaro atrelam crise de segurança no Rio a Lula após megaoperação para combater o Comando Vermelho

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Claudio Castro e Bolsonaro juntos na Marcha para Jesus — Foto: Hermes de Paula/Agência O Globo


A operação policial que deixou mais de 20 mortos nos complexos do Alemão e da Penha, na Zona Norte do Rio, na manhã desta terça-feira, foi usada por aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro para atacar o governo de Luiz Inácio de Lula da Silva. A exemplo do governador fluminense, Cláudio Castro (PL), integrantes da oposição responsabilizaram a gestão federal pela crise de segurança no estado.

Nas redes sociais, nomes como o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e o vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ) atribuíram a escalada da violência ao petista.

“Drone do CV arremessa bombas em operação policial, mas se eu sugerir bombardear barcos de traficantes, a esquerda acha um escândalo”, escreveu Flávio Bolsonaro (PL-RJ), ao comentar a ofensiva que mobilizou cerca de 2,5 mil policiais civis e militares.

Seu irmão, o vereador Carlos Bolsonaro, também retomou o tema, afirmando que o episódio “é vergonhoso e cabuloso” e citando o fato de o governo brasileiro ter recusado, em 2025, uma proposta dos Estados Unidos para classificar facções como o Comando Vermelho e o PCC como organizações terroristas.

O alinhamento do discurso reforçou a tentativa do grupo de transferir a responsabilização da crise de segurança para o Planalto, poupando Castro, cuja gestão é vista como estratégica para o PL fluminense em 2026. O discurso também ecoa o do próprio governador, que, em entrevista à imprensa, afirmou que o combate ao tráfico de drogas tem excedido a capacidade do estado e defendeu um apoio mais efetivo das Forças Armadas.

Nas redes, o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) repetiu o tom irônico: “Brasil soberano da esquerda aí”, escreveu, em referência ao slogan do governo federal. O parlamentar, que tem forte atuação digital e é um dos principais puxadores de voto do PL, tenta manter acesa a bandeira do enfrentamento ao crime — um dos pilares do bolsonarismo.

No plenário da Câmara dos Deputados, o deputado Cabo Gilberto (PL-PB) atribuiu a escalada da violência às decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) e ao governo federal. Castro e seus correligionários defendem o fim da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF 635), que restringe as atividades policiais em comunidades, que tramita na Suprema Corte.

— O estado do Rio enfrenta tudo isso por conta das limitações impostas às ações policiais e pela condução do descondenado Lula — afirmou.

Aliados do PL fluminense avaliam ainda que a megaoperação para combater o Comando Vermelho tende a fortalecer Castro, que tem na pauta da segurança um de seus principais ativos políticos. O diagnóstico é compartilhado entre parlamentares do partido, que veem nas ações de confronto o instrumento mais eficaz de comunicação com a base bolsonarista e parte da população, insatifeita com a violência urbana.

A operação desta terça-feira, batizada de Contenção, foi deflagrada para conter o avanço do Comando Vermelho em comunidades da Zona Norte e resultou na morte de dois policiais civis e de 18 suspeitos, além de feridos entre moradores. De acordo com o Ministério Público do Rio, os alvos eram lideranças que vinham expandindo o território da facção e abrigavam criminosos de outros estados.



Com informações da fonte
https://oglobo.globo.com/rio/noticia/2025/10/28/aliados-de-bolsonaro-atrelam-crise-de-seguranca-no-rio-a-lula-apos-megaoperacao-para-combater-o-comando-vermelho.ghtml

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