No momento em que o Brasil sinaliza um afastamento estratégico das democracias liberais do Ocidente, o regime chinês oferece um exemplo sombrio do que acontece quando o Estado decide transformar empresários em alvos políticos. O caso de Bao Fan, bilionário fundador do banco de investimentos China Renaissance, é um retrato inquietante dessa realidade: desaparecido desde fevereiro de 2023, ele teria reaparecido recentemente — sem qualquer confirmação oficial de sua libertação, sem declarações públicas, sem garantias de liberdade.
A China, que se tornou referência para setores da esquerda brasileira, não apenas censura vozes dissidentes, mas também “some” com figuras influentes do mercado financeiro. O silêncio das autoridades sobre o paradeiro de Bao Fan, somado a uma longa lista de executivos que desapareceram ou foram presos sem julgamento transparente, revela um modelo de controle estatal que ignora os princípios básicos da democracia.
Enquanto isso, no Brasil, o governo Lula reforça relações com Pequim, elogia sua “eficiência” e relativiza os abusos do regime. A pergunta que se impõe é clara: até onde vai essa inspiração? E o que ela pode custar à liberdade econômica e política do país?
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O caso Bao Fan: repressão disfarçada de moralidade
Bao Fan era considerado um dos nomes mais influentes do setor financeiro chinês. Seu desaparecimento, em fevereiro de 2023, ocorreu em meio a uma onda de detenções de executivos de alto escalão. Fontes indicaram que ele estava sob custódia da Comissão Central de Inspeção Disciplinar, órgão anticorrupção do Partido Comunista, mas nenhuma autoridade confirmou sua prisão ou libertação.
A justificativa oficial veio meses depois, em um comunicado à Bolsa de Hong Kong: Bao teria deixado seus cargos “por motivos de saúde e para se dedicar à família”. A versão, vaga e protocolar, não convenceu analistas nem investidores. O China Renaissance, fundado por ele, não comentou as suspeitas de envolvimento em investigações.
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Executivos como alvo: o padrão autoritário
O caso de Bao não é isolado. Jack Ma, fundador da Alibaba, desapareceu por três meses após criticar reguladores chineses. Xiao Jianhua, bilionário sino-canadense, foi retirado de um hotel em Hong Kong por agentes chineses e condenado a 13 anos de prisão. Zhang Hongli, ex-vice-presidente do Banco Industrial e Comercial da China, também foi investigado por “sérias violações” da disciplina partidária.
Segundo a Bloomberg, centenas de executivos têm sido alvos de ações disciplinares nos últimos anos. A justificativa oficial é a promoção da “prosperidade comum”, política que visa reduzir desigualdades. Na prática, trata-se de uma ofensiva para reafirmar o controle estatal sobre setores estratégicos e eliminar qualquer figura que ameace a hegemonia do Partido Comunista.
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Brasil e China: aproximação que preocupa
Enquanto isso, o governo Lula reforça sua aproximação com Pequim. Em discursos e acordos bilaterais, há elogios à “eficiência” chinesa e à sua capacidade de planejamento. Mas o que está sendo ignorado é o custo humano e político desse modelo: censura, repressão, desaparecimentos e ausência de garantias jurídicas.
A esquerda brasileira, em parte, relativiza esses abusos e chega a citar a “democracia chinesa” como exemplo de liberdade econômica. Mas o que se vê é um Estado que sequestra bilionários, silencia empresários e transforma sucesso em ameaça.
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O risco de importar o autoritarismo
A democracia não se mede apenas pelo número de votos, mas pela liberdade de expressão, pela proteção ao setor privado e pela transparência das instituições. A China falha em todos esses quesitos — e o Brasil, ao se inspirar nesse modelo, corre o risco de repetir seus erros.
O caso Bao Fan é um alerta. Não apenas para investidores, mas para todos que acreditam que o Estado deve servir ao cidadão — e não controlá-lo. O Brasil precisa decidir: vai seguir o caminho das democracias que protegem seus empreendedores ou se render ao autoritarismo disfarçado de eficiência?
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2025-08-09 11:00:00