Com informações de O Globo. Durante entrevista ao Bom Dia Rio, da TV Globo, o secretário de Segurança Pública do Estado do Rio, Victor dos Santos, afirmou, que “a população não aguenta mais esse prende e solta”. A declaração do secretário foi feita nesta terça-feira (28), quando comentava sobre a megaoperação contra o Comando Vermelho realizada nos complexos da Penha e do Alemão, na Zona Norte do Rio.
“A média de prisão, na Zona Sul, é de o policial prender o mesmo criminoso 15 vezes em Copacabana, por exemplo. Então, a população já não aguenta mais esse prende e solta, prende e solta. Hoje o traficante médio no Rio de Janeiro, preso com um fuzil, não fica mais do que um ano e três meses preso. Então, a gente tem que também cobrar do Legislativo para que a gente endureça a legislação e que esses criminosos permaneçam presos o maior tempo possível”, destacou Santos.
Ação mobilizou 2.500 policiais
2.500 policiais atuam na operação na Penha e no Alemão. Para a ação, 32 veículos blindados foram disponibilizados. De acordo com o secretário, recentemente foi feito um pedido por apoio de blindados das Forças Armadas à União, mas os veículos não foram enviados.
“Toda essa logística é do próprio estado. No passado recente, a gente tentou conseguir isso, mas foi negado e a gente não teve esse apoio do governo federal por parte das Forças Armadas, infelizmente. Então, hoje, toda a logística é só do Estado do Rio de Janeiro”, afirmou.
Ainda de acordo com Santos, o Rio não tem condições de confrontar sozinho tráfico de drogas. Ele justifica que hoje, “são aproximadamente nove milhões de metros quadrados de desordem dentro do estado”. O secretário citou ainda a presença de criminosos de outros locais:
“Só do Pará são 30 mandados de prisão. Essa é a realidade que a gente vive no Rio de Janeiro. A gente lamenta as pessoas que foram baleadas, mas é uma ação covarde desses narcoterroristas que dominam essa região. Hoje, por exemplo, utilizaram drones lançando artefatos explosivos contra os policiais e contra a população. Então, é essa realidade, esse estado de guerra que a gente vive”, disse.
Secretário acredita na união de todos os entes para combater a criminalidade
Durante a entrevista, Santos afirmou que a escalada de violência no Rio é fruto de “décadas de inação de todos os entes da federação: município, estado e União”.
“A ação integrada entre todos os entes da federação, o STF (Supremo Tribunal Federal) já determinou isso e reconheceu que o estado de coisas que vive o Rio de Janeiro é por conta das organizações criminosas e obriga, hoje, através de uma decisão judicial, que município, Estado e União se unam para a retomada desse território para devolvê-lo à população de bem que nele mora”, declarou.
Segundo o secretário, um grupo de trabalho formado por toda a área técnica do Governo do Estado já faz um planejamento de retomada de território.
“Independentemente da decisão do STF, já vinha sendo construído. Claro que é necessária a participação do município e da União, mas o estado sozinho já tomou essa providência”, contou
Além disso, Victor dos Santos falou ainda sobre as ocupações permanentes de áreas conflagradas. Ele afirmou que essa possibilidade está descartada por ora.
“O estado não tem condições, são quase 1.900 favelas no Rio de Janeiro. Se nós pegarmos todo o efetivo da Polícia Militar e da Polícia Civil, que são cerca de 53 mil homens, usar 100% nesses territórios, nós teríamos, em média, sete policiais por comunidade. Sete policiais não resolvem o problema da comunidade. Ou seja, ocupação com polícia só não resolve. Esse problema que a gente vive no Rio de Janeiro hoje não é problema da polícia somente. A polícia vem fazendo o seu trabalho, homens e mulheres arriscando sua vida”, destacou.
Número de fuzis apreendidos vai bater o recorde
O acesso de criminosos a armamentos pesados foi outra dificuldade citada pelo secretário em relação ao combate às facções criminosas:
“São mais de 600 fuzis apreendidos até agora, até esse mês. Já vão bater o recorde do ano passado. E esses fuzis não foram encontrados em um único paiol, não. São os policiais que retiram isso de circulação, combatendo criminosos”.
Operação pode ter vazado
Sobre um possível vazamento sobre a realização da ação desta terça, Santos admitiu que isso pode ter acontecido, já que a mobilização foi muito grande, envolvendo 2,5 mil policiais. “Só essa movimentação por si só já gera uma desconfiança. Porque você mobilizar esse efetivo policial só pode ser usado num grande complexo como são os da Penha e do Alemão”.
