IPCA cai 0,11% em agosto, puxado por energia, alimentos e combustíveis

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O Brasil registrou deflação em agosto. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) caiu 0,11% no mês, com a conta de luz mais barata pelo bônus de Itaipu e a queda de preços de alimentos e combustíveis. Foi a primeira vez em um ano que o indicador, que mede a oficial de inflação do país, ficou negativo. Foi também a queda mais forte desde setembro de 2022, quando caiu 0,29%.
O resultado veio um pouco acima do projetado. Analistas esperavam redução ainda maior, de 0,15%, segundo o boletim Focus. Em julho, o índice havia subido 0,26%. No acumulado do ano, os preços ainda avançam 3,15%. Já em 12 meses a alta é de 5,13%, abaixo dos 5,23% registrados em julho.
Segundo o IBGE, a queda de agosto foi explicada justamente pelos grupos que mais pesam no bolso das famílias. Só energia, alimentos e transportes retiraram 0,30 ponto percentual do índice. Sem esse alívio, o IPCA teria subido 0,43% no mês, calcula o instituto.
Energia elétrica cai 4,21%
A principal razão para a deflação no mês foi a queda de 4,21% do preço da energia elétrica em agosto, que levou a uma queda de 0,90% do grupo Habitação como um todo. Segundo o IBGE, esse foi o menor resultado para o grupo desde o Plano Real.
O alívio nos preços ocorre pela incorporação do Bônus de Itaipu, embora esteja em vigor a bandeira tarifária vermelha patamar 2, que adiciona R$ 7,87 na conta de luz a cada 100 Kwh consumidos. Em julho, vigorava a bandeira tarifária vermelha patamar 1.
Preços dos alimentos caem pelo terceiro mês seguido
A alimentação em casa ficou mais barata em agosto e o grupo Alimentação e bebidas, que tem o maior peso no índice, caiu 0,46% e teve a terceira deflação seguida.
Tomate, batata, cebola, arroz e café foram alguns dos itens que puxaram a redução, favorecidos por uma maior oferta. Fora do domicílio, a alimentação também perdeu força. Lanches e refeições tiveram altas menores do que as registradas em julho.
No grupo Transportes, os preços recuaram com a queda das passagens aéreas (-2,44%) e dos combustíveis, especialmente a gasolina (-0,94%), que exerceu um dos impactos mais fortes para baixo no índice. Etanol e gás veicular também ficaram mais baratos, enquanto apenas o diesel subiu 0,16%.
Segundo Gonçalves, do IBGE, a queda no preço das passagens se deve ao fim das férias de meio de ano. E, no caso da gasolina, a mistura do etanol subiu para 30% e favorece a queda dos preços.
Entre os grupos que registraram alta, o destaque foi Educação (0,75%). Foram registrados reajustes em mensalidades escolares e cursos de idiomas. Os preços no Vestuário também avançaram, assim como no grupo de Saúde e cuidados pessoais, com altas nos itens de higiene pessoal e planos de saúde.
Serviços
No agregado dos preços de serviços, o índice desacelerou de 0,59% em julho para 0,39% em agosto. Serviços como alimentação fora de casa e cinema e teatro ajudaram a aliviar o bolso, com promoções da “semana do cinema”.
Já entre os preços monitorados pelo governo, o índice saiu de uma alta de 0,67% em julho para -0,61% em agosto. A queda é ligada à energia elétrica residencial e a gasolina.
Perspectivas
Agentes econômicos já reduziram as expectativas de inflação há 14 semanas consecutivas, segundo o relatório do Focus, e mantém a estimativa para o IPCA deste ano em 4,85%.
Em parte, a perspectiva de redução da inflação para o ano acontece porque os preços têm indicado tendência de desaceleração. A apreciação do real ajuda a aliviar a alta dos preços. Além disso, a economia brasileira perdeu ritmo no segundo trimestre, o que reduz a pressão inflacionária.



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