A instalação de bloqueadores de sinais de telefonia móvel, wi-fi e de drones em unidades prisionais e prisionais-hospitalares no Rio de Janeiro deve acontecer ainda este ano, aponta a Secretaria Estadual de Administração Penitenciária. Na última semana, foi homologada a contratação da empresa IMC Tecnologia, que será responsável pelo serviço. Segundo a pasta, dez unidades localizadas no Complexo de Gericinó, em Bangu, terão prioridade — nelas, há presos com forte influência extramuros.
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O documento que lista essas unidades, despachado na última quinta-feira, destaca que algumas “lideranças, mesmo privadas de liberdade, continuariam exercendo influência significativa tanto no ambiente intramuros quanto extramuros, articulando ações ilícitas, coordenando estruturas criminosas e mantendo canais de comunicação com membros externos das facções”.
Das penitenciárias descritas, três têm traficantes do Comando Vermelho e duas de envolvidos com o Terceiro Comando Puro:
Presídio Gabriel Ferreira de Castilho (SEAPGC) – Comando Vermelho
Penitenciária Jonas Lopes de Carvalho (SEAPJL) – Terceiro Comando Puro
Instituto Penal Benjamim de Moraes (SEAPBM) – Comando Vermelho
Penitenciária Industrial Esmeraldino Bandeira (SEAPEB) – Terceiro Comando Puro
Penitenciária Bandeira Stampa (SEAPBS) – Milícia
Penitenciária Doutor Serrano Neves (SEAPSN) – Comando Vermelho
Penitenciária Lemos Brito (SEAPLB) – Amigo dos Amigos
Presídio Nelson Hungria (SEAPNH) – Povo de Israel (grupo que só existe dentro das unidades, também são chamados de “neutros”)
Presídio Joaquim Ferreira de Souza (SEAPJFS) – presos midiáticos, federais e ex-membros das forças de segurança pública
Presídio Inspetor Jose Antonio da Costa Barros (SEAPJB) – Povo de Israel
No Presídio Gabriel Ferreira de Castilho, por exemplo, estava Luiz Cláudio Machado, o Marreta, apontado como um dos chefes do Comando Vermelho. Ele foi condenado a 133 anos e 4 meses de detenção, em regime fechado, por roubo agravado, associação criminosa, sequestro e outros crimes graves. Segundo a polícia, ele articulava, de dentro da prisão, a prática de delitos por traficantes do Morro do Gambá e dos Morros da Cachoeirinha e Cachoeira Grande, na Zona Norte. Em julho, Marreta foi transferido para a Penitenciária Federal de Catanduvas, no Paraná.
Já na Penitenciária Industrial Esmeraldino Bandeira está Rafael Alves, o Peixe, chefe do TCP na Vila Aliança, na Zona Oeste. Na quinta-feira passada, a região recebeu uma operação das polícias Civil e Militar, que buscavam cercear a atuação da facção. Seis suspeitos foram mortos, e duas pessoas foram presas durante a ação. Um pastor e uma criança chegaram a ser feitos reféns por criminosos.
Depois que essas 10 unidades forem contempladas, os bloqueadores serão expandidos para outras na capital e também no Grande Niterói e no Norte-Noroeste. Só não há previsão de o modelo ser implementado no Instituto Penal Cândido Mendes (SEAP-CM), que deve ser desativado.
Tecnologia defasada
A nova contratação é uma proposta de modernização dos bloqueadores nos presídios fluminenses, equipados, no momento, com um sistema de tecnologia ultrapassada que só reconhece sinal 3G. A licitação sobre o serviço começou em março deste ano, com edital explicando que os bloqueadores serão alugados por 36 meses, a um custo de até R$ 464 milhões.
A solução tecnológica contratada pela Seap prevê bloqueio em 100% dos sinais GSM, TDMA, FDMA, GPRS, GPS, 3G, 4G, 5G, drones e wi-fi. Um dos argumentos contrários ao serviço diz respeito à interferência nos aparelhos de quem mora ao redor das unidades prisionais. Em relação a isso, a secretária de Administração Penitenciária, Maria Rosa Nebel, aponta que foi priorizado uma tecnologia visando à mitigação de danos:
— Ao contrário do que acontece em outros estados, no Rio de Janeiro o complexo prisional fica numa área urbana, próximo a residências cujos moradores, obviamente, não podem ser impactados pelo bloqueio de sinal. Fomos atrás do que há de mais moderno nesse tipo de tecnologia de forma que esse bloqueio só aconteça dentro das unidades prisionais — disse a secretária.
A IMC Tecnologia terá até 10 dias úteis para iniciar os trabalhos, com prazo de até 45 dias por unidade, ou 60 dias em caso de três instalações simultâneas. A implantação será gradual, conforme previsão orçamentária do Estado e a estratégia operacional da SEAP.
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Instalação de bloqueadores de sinais de celular, wi-fi e de drones em presídios no Rio priorizará unidades com presos de influência extramuros
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