George IV, rei da Inglaterra de 1820 a 1830, não era apenas conhecido por sua extravagância. Ele também tinha um apetite lendário que deixava qualquer anfitrião em pânico. Batizado por órgãos como o English Heritage como o “monarca mais inútil” da Grã-Bretanha, George gastava sem restrições e se entregava à comida como ninguém.
Em entrevista ao podcast “Queens, Kings and Dastardly Things” os historiadores Kate Williams e Robert Hardman detalharam a rotina alimentar do rei, que frequentemente levava Lords e Ladies a tremerem só de imaginar uma visita do gigante real.
O apetite ‘gigantesco’ de George IV
O banquete de coroação de George IV, com 160 sopas, 160 cortes de carne e 160 pratos de peixe diferentes, custou uma fortuna equivalente a 20 milhões de libras hoje (cerca de R$ 146 milhões), e foi o último desse tipo na história britânica.
“Ele era o tigre que vinha para o chá”, brincou Williams. “Ele aparecia na sua casa e comia tudo. Era frequentemente alvo de piadas pelo tamanho que tinha. Diziam que levava três horas apenas para colocá-lo em seu cinto e espartilho. Sua cintura tinha, aparentemente, 140 centímetros de largura”, emendou.
Enquanto a Inglaterra lutava contra Napoleão na Europa, George contratou o renomado chef francês Antoine Carême, considerado o melhor do mundo na época, para cozinhar especialmente para ele. Nas cozinhas tecnologicamente avançadas do recém-construído Pavilhão de Brighton, o rei se fartava sem limites.
Williams descreveu seu café da manhã típico:
“Dois pombos, três bifes, três partes de uma garrafa de vinho branco, uma taça de champanhe seco, dois copos de vinho do Porto e outro de conhaque. Era o maior buffet que você poderia imaginar, incluindo perdiz em gelatina, pombos assados em massa e a cabeça de um grande esturjão ao champanhe.”
O monarca George IV
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O preço da gula
O apetite de George IV acabou contribuindo para sua decadência física. Seu peso excessivo dificultava a locomoção, problemas respiratórios o impediam de deitar-se e a gota crônica o obrigava a recorrer a doses regulares de laudano, analgésico à base de ópio altamente viciante.
Com o avanço de suas doenças, os médicos precisavam drenar regularmente o excesso de líquido de seu abdômen, um procedimento doloroso que oferecia apenas alívio temporário. Curiosamente, jornais que antes criticavam o rei passaram a elogiá-lo por “se agarrar tenazmente à vida”, apesar do evidente declínio físico.
Mesmo em seus últimos dias, o rei não abandonou seus hábitos. Sua última refeição registrada, em abril de 1830, manteve a tradição: pombos, bife, vinho, champanhe, Porto e conhaque.
George IV morreu aos 67 anos, vítima de complicações relacionadas à gota (doença inflamatória causada pelo excesso de ácido úrico no sangue), e foi sucedido pelo irmão, William IV.
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Pombos, bifes, vinho: o café da manhã exagerado do rei 'mais inútil' da Inglaterra
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