Nem todo caroço é só um caroço: quando vale chamar o cirurgião

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Lesões comuns… e quando acender o alerta

  • Lipomas – Normalmente são macios, móveis, crescem devagar e não doem. Quando estão logo abaixo da pele, a ultrassonografia costuma resolver o diagnóstico sem mistério.
  • Cistos epidermoides – Geralmente mais firmes ou elásticos, quase sempre com um ponto central (o famoso poro). Podem inflamar, infeccionar e até drenar. O tratamento ideal é remover todo o cisto, incluindo a cápsula, de preferência quando não está inflamado.

Bandeiras vermelhas

  • Nódulo maior que 5 cm, que está crescendo, profundo ou preso a tecidos internos, muito duro ou que reapareceu após retirada.
  • Massa que, na ressonância, apresenta sinais preocupantes como necrose ou invasão da fáscia.
  • Linfonodos supraclaviculares ou qualquer gânglio aumentado por mais de duas semanas, sem motivo claro, endurecido e maior que 2–3 cm.
  • Carcinoma sebáceo — tumor maligno das glândulas sebáceas, comum na pálpebra, mas que pode surgir em outras áreas da pele. Muitas vezes, se disfarça de cisto ou inflamação crônica, atrasando o diagnóstico.

Por que não esperar

Retirar um sarcoma sem planejamento (“exérese desplanejada”) é um problema sério: aumenta o risco de recidiva, pode exigir reoperações mais extensas e prejudica o prognóstico. Seguir o caminho correto — avaliação de especialista, exames como ultrassom (inicialmente), ressonância (quando necessário) e, em seguida, biópsia, se indicada — acelera o diagnóstico e reduz os erros.

Como investigar

Avaliação clínica e exames iniciais

  • Conversa e exame físico: perguntar sobre tempo de evolução, crescimento, dor, infecções anteriores, histórico de câncer. Avaliar tamanho, mobilidade, profundidade, sinais de inflamação e, no caso de cisto, a presença do poro.
  • Exames de imagem: ultrassom é a primeira escolha para massas superficiais, pois localiza, avalia a vascularização e pode guiar biópsias.
  • Ressonância: indicada quando há sinais de alerta, dúvidas no ultrassom ou previsão de cirurgia mais complexa.
  • Biópsia: evitar punção aspirativa fina em massas suspeitas. Preferir core biopsy guiada ou biópsia incisional. Para cistos típicos e assintomáticos, a retirada já serve como diagnóstico e tratamento.

Quando operar no ambulatório

  • Cistos epidermóides com dor recorrente, infecção, crescimento ou incômodo estético.
  • Lipomas que crescem, provocam dor, comprimem nervos, geram desconforto estético ou são grandes/atípicos (nesses casos, avaliação por imagem antes é fundamental).
  • Lesões suspeitas de sarcoma não devem ser operadas sem planejamento; devem ser encaminhadas para especialista.

Orientações ao paciente

A cirurgia é geralmente realizada com anestesia local, de forma rápida e com alta no mesmo dia. A dor pós-operatória costuma ser leve e pode ser controlada com analgésicos simples. O risco de infecção é baixo, e reações à anestesia local são extremamente raras.

Resumo e importância da conduta correta

A maioria dos caroços superficiais é benigna, mas alguns casos demandam ação rápida. Seguir a conduta “avaliação inicial, exames quando necessários e biópsia adequada” garante segurança e evita erros que podem comprometer o tratamento do paciente.

Dr. Patrizio Morisson – CRM 52.83566-8 / RJ – RQE 40.203
Cirurgião do Aparelho Digestivo e Membro da Brazil Health





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