A menopausa não acontece de forma repentina. Ela ocorre em fases. Enquanto a menopausa marca a interrupção definitiva da menstruação quando os ovários deixam de produzir hormônios como estrogênio e progesterona, a perimenopausa é um período de transição caracterizado por ciclos menstruais irregulares, alterações hormonais e sintomas como ondas de calor, suores noturnos e mudanças de humor.
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“Essa fase de transição para a menopausa, quando a grande maioria das mulheres se sente ‘diferente’, mas normalmente não se dá conta que está na perimenopausa, pode levar em média 5 a 10 anos”, afirma Igor Padovesi, ginecologista, autor do livro Menopausa Sem Medo (Editora Gente), especialista certificado pela North American Menopause Society (NAMS) e membro da International Menopause Society (IMS). “Cada mulher vivencia a menopausa de forma única. Apesar disso, existem padrões gerais que ajudam a compreender melhor esse momento de transição”, completa.
Segundo o especialista, os sintomas mais comuns incluem: vasomotores (ondas de calor, suores noturnos e palpitações); alterações no sono (dificuldade para dormir, despertares frequentes); mudanças de humor (ansiedade, irritação, tristeza e até ataques de pânico); dores articulares e musculares; alterações na pele, olhos e mucosa vaginal; questões cognitivas (esquecimentos, dificuldade de concentração); e mudanças na sexualidade (queda da libido, dor durante o sexo e dificuldade para alcançar o orgasmo). Confira abaixo algumas dessas alterações em mais detalhes:
Um dos primeiros e mais comuns efeitos da menopausa é a piora no sono. “Ele pode aparecer já numa fase inicial da transição menopausal, em uma mulher que ainda tem ciclos normais e não apresenta outros sintomas significativos”, explica Igor Padovesi. “Na menopausa, a diminuição do estrogênio pode causar a piora da qualidade do sono e a ocorrência de ondas de calor, que, quando acontecem à noite (suores noturnos), podem interferir no sono, o que frequentemente resulta em fadiga e pode levar à irritabilidade e instabilidade emocional”, acrescenta Nélio Veiga Junior, ginecologista e obstetra, mestre e doutor em Tocoginecologia pela Unicamp.
A endocrinologista Deborah Beranger destaca a importância de observar mudanças no padrão do sono. “Numerosos estudos encontraram uma ligação entre sono deficiente ou insuficiente e um risco aumentado de doenças cardíacas e derrames. Em 2022, a American Heart Association adicionou a duração do sono como uma das oito principais medidas de saúde cardiovascular.” A fadiga, portanto, pode ser intensificada, e, segundo Veiga Junior, “o cansaço prolongado, acompanhado de perda de interesse em atividades normais, tristeza, irritabilidade, mudança de peso e diminuição do desejo sexual pode ser um sinal para uma investigação de uma depressão clínica”.
2. Fragilidade óssea e dores articulares
A perda de densidade óssea durante a menopausa pode aumentar o risco de quedas e fraturas. “Para mulheres após os 50, as fraturas de quadril apresentam uma taxa de mortalidade mais elevada no curto prazo do que o próprio câncer de mama”, afirma Igor Padovesi. “Fraturas de quadril são particularmente graves, pois podem levar a complicações como imobilidade prolongada, trombose venosa profunda e até mortalidade aumentada”, completa Fernando Jorge, ortopedista especializado em cirurgias do joelho e quadril.
As dores nas articulações também são frequentes. “As articulações, assim como as cartilagens que as protegem, possuem receptores de estrogênio. Conforme a produção hormonal cai, elas ficam mais inflamadas, o que causa dor em regiões como mãos, joelhos e ombros, favorecendo o surgimento de condições como artrite e artrose”, explica Marcos Cortelazo, ortopedista especializado em joelho e traumatologia esportiva. Em casos mais graves, o acompanhamento com especialista é essencial.
A mucosa oral reage de forma semelhante à vaginal diante da queda de estrogênio. “As gengivas podem tornar-se mais vermelhas e inflamadas, com maior propensão a sangramentos e doenças gengivais. Além disso, há uma redução no fluxo de saliva, causando ressecamento das mucosas orais”, aponta Hugo Lewgoy, cirurgião-dentista e doutor pela USP.
Para proteger os dentes e gengivas nesse período, o especialista recomenda o uso de escovas interdentais atraumáticas, como as Curaprox CPS Prime, e escovas com cerdas ultramacias, como a Curaprox CS 5460. Também é importante evitar cremes dentais com Lauril Sulfato de Sódio (LSS), optando por opções como o Enzycal, que respeita o equilíbrio da mucosa oral.
A dilatação dos vasos sanguíneos, provocada pela oscilação hormonal, pode levar à retenção de líquidos. “Geralmente, os pés são os primeiros a demonstrar esse inchaço pelo efeito da gravidade”, explica Aline Lamaita, cirurgiã vascular e membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular.
Para aliviar o sintoma, recomenda-se elevação dos membros, boa hidratação, alimentação rica em água, compressas frias com chá de camomila e movimentação do corpo. A drenagem linfática pode ser útil, desde que não haja suspeita de trombose. A médica reforça que “variações hormonais na menopausa impactam diretamente na saúde vascular”.
Para lidar com essas alterações, Igor Padovesi ressalta a importância da terapia hormonal. “Quando o ovário entra em falência, ele deixa de produzir hormônios. Considerando que a mulher vive muito tempo após a vida reprodutiva, isso tem vários impactos para o organismo. Repõe-se esses hormônios de forma artificial. A terapia moderna prioriza hormônios bioidênticos, iguais aos produzidos pelo corpo, ao invés dos sintéticos.”
Entre os principais benefícios da terapia hormonal estão: prevenção de doenças cardiovasculares, preservação da massa óssea, redução de mortalidade e do risco de Alzheimer, manutenção da sexualidade e melhoria da qualidade de vida. “Os sinais que a pele e o corpo apresentam devem ser analisados por especialistas, que investigarão as possíveis causas. O melhor a fazer é se consultar com um médico”, finaliza Padovesi.