Polícia Civil investiga o caso como feminicídioReprodução / Redes sociais
Uma investigação da Polícia Civil indica que a mulher identificada como Henay Amorim, de 31 anos, inicialmente dada como morta em um acidente de trânsito, em Itaúna, no Centro-Oeste de Minas, foi, na verdade, vítima de feminicídio. Segundo as apurações, ela teria sido morta cerca de duas horas antes da colisão, pelo companheiro, o empresário Alisson de Araújo, de 43 anos.
Inicialmente, o empresário teria negado o crime, afirmando que a companheira teria passado mal dentro do veículo. Depois, ele teria confessado o feminicídio e apresentado sua versão dos fatos, diz a polícia. A defesa negou que Alison tenha confessado o crime. Ele foi preso durante o velório de Henay na segunda-feira (15).
As investigações começaram após a denúncia de uma atendente de pedágio, por onde o veículo passou pouco antes da colisão. Segundo a funcionária, a vítima estava desacordada no banco do motorista, enquanto o companheiro, no banco do passageiro, conduzia o carro ao alcançar o volante. Segundo o empresário, durante o trajeto, o casal precisou parar duas vezes em razão das discussões.
“Estas duas paradas foram em razão de brigas e agressões entre eles. A vítima estava conduzindo o veículo e, segundo ele, ela teria iniciado as agressões, parando o veículo. Foi quando ele teria ido para cima dela, comprimido o pescoço da vítima. No primeiro momento, ela não teria desfalecido, mas, no segundo momento, antes de chegar ao pedágio, ele jogou a cabeça dela com mais força contra o veículo e comprimiu o pescoço do lado direito, só parando após ela ficar inconsciente”, afirmou o delegado Flávio Destro, chefe do 7º Departamento da Polícia Civil.
De acordo com laudos periciais, a morte foi causada por traumatismo craniano ou asfixia, sendo identificadas lesões na cabeça e no pescoço da vítima. O acidente de trânsito ocorreu no domingo (14).
Eles mantinham um relacionamento há cerca de um ano e moravam juntos havia sete meses, em Belo Horizonte. Testemunhas relataram à Polícia Civil que o relacionamento era marcado por discussões frequentes e agressões graves. De acordo com a polícia, o suspeito possui três passagens policiais: dois por dirigir embriagado, em 2013 e 2016, e um por violência doméstica em 2023.
A Polícia Civil investiga o caso como feminicídio.
Inconsistências
Segundo os investigadores, o suspeito teria colocado a vítima no banco do motorista e provocado a colisão do veículo contra o ônibus.
O médico-legista Rodolfo Ribeiro afirmou que o laudo de necropsia reforçou a hipótese de simulação do acidente. O exame indicou que a morte pode ter ocorrido antes da colisão, possivelmente por estrangulamento, além de apontar lesões compatíveis com traumatismo craniano.
“Na análise inicial, realizada com a informação de acidente de trânsito, foram identificados hematomas na região frontal e hemorragia encefálica. Com a nova suspeita, um exame mais detalhado revelou sinais de asfixia por constrição cervical externa, evidenciados por alterações hemorrágicas na região do pescoço”, explicou o legista.
Em depoimento, segundo a polícia, Alison teria relatado que o casal discutiu na noite anterior, no apartamento onde moravam, e, durante a viagem, a vítima teria passado a agredi-lo. Ele teria alegado que se defendeu empurrando a companheira e que, após novas discussões, pressionou o pescoço dela com o braço e uma das mãos, deixando-a desacordada. Segundo ele, a vítima teria acordado e assumido a condução do veículo até ocorrer a colisão.
“Diante de todos os elementos reunidos, imagens, depoimentos e laudos periciais preliminares, ficou demonstrado que a morte ocorreu antes do acidente e que houve a tentativa de simular uma colisão contra um ônibus para mascarar o crime”, afirmou o delegado João Marcos do Amaral Ferreira. Celulares e outros materiais foram apreendidos e passarão por perícia.
* Com informações do Estadão Conteúdo

