‘Se eu me mexesse, iam me dar um tiro na cara’, conta comerciante que foi vítima de roubo retratado pelo Mapa do Crime

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O comerciante de 33 anos, que preferiu não se identificar, teve a moto roubada em Jacarepaguá, onde os roubos aumentaram no primeiro semestre deste ano — Foto: Marcelo Theobald/ Agência O Globo


Marcos (nome fictício), de 33 anos, é uma das vítimas da violência mapeada pelo GLOBO no Mapa do Crime, com base em dados do Instituto de Segurança Pública (ISP). Rendido por três homens armados por volta das 22h30 de uma sexta-feira de fevereiro, na Avenida Engenheiro Souza Filho, em Jacarepaguá, Zona Sudoeste do Rio, ele teve a moto levada durante uma abordagem violenta. O veículo tinha apenas duas semanas de uso. Segundo a Polícia Civil, o setor de roubos e furtos da 32ª DP (Taquara) utiliza “métodos de inteligência e investigação para apurar a autoria do crime”.

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“Tenho 33 anos e ainda fico mal só de lembrar daquele dia. Foi uma sexta-feira, dia 28 de fevereiro deste ano, por volta das 22h30. Eu tinha acabado de sair para buscar uma amiga, porque ela precisava comprar um remédio para a filha. Parei na Avenida Engenheiro Souza Filho, na Zona Sudoeste do Rio, achando que seria coisa rápida. Não foi.

A moto que eu estava usando era recém-contemplada em consórcio. Eu estava com ela havia só duas semanas. Ainda não tinha colocado no seguro, então eu só andava por perto, pela própria região onde moro. Eu estava muito feliz com aquela conquista.

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Quando parei, três homens me abordaram. Um deles botou a arma na minha cabeça e falou, com todas as letras: ‘Ou você passa tudo que tem ou vai ficar estirado aí no chão. Se você se mexer, eu te dou um tirão na sua cara.’ Essa frase não sai da minha cabeça até hoje.

No desespero, eu tentei correr. Só que não adiantou. Eles me cercaram, me bateram. Eu joguei o celular longe tentando evitar algo pior, mas eles conseguiram pegar a chave da moto e foram embora com ela. Em poucos segundos, eu tinha perdido tudo.

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Quando cheguei em casa, consegui ver pelo GPS que meu celular tinha dado sinal na Muzema, um bairro vizinho. Eu não fui lá buscar. Não tinha como. Os confrontos entre milícia e tráfico impedem qualquer coisa. Sou morador, só quero viver minha vida. Não ia arriscar morrer por um celular ou por uma moto.

Tenho praticamente certeza de que minha moto foi parar lá dentro. Se ainda estiver montada, porque quando os caras pegam uma moto assim, nova, acabam desmontando tudo para vender as peças. Sem seguro e sem qualquer perspectiva, eu já aceitei que não vou recuperar.

Perder a moto me impactou demais. Eu moro em Rio das Pedras e trabalho em uma loja de informática na Barra da Tijuca. Antes, a moto facilitava tudo. Hoje, eu tenho que pegar quatro transportes por dia: dois para ir trabalhar e dois para voltar para casa. Minha rotina ficou muito mais cansativa e pesada.

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Eu fico até meio assim de falar desse dia, porque foi muito traumático. Hoje, eu não tenho esperança de recuperar a moto. O que eu sei é que a vida é muito injusta. Agora é trabalhar, suar a camisa de novo e tentar conquistar tudo outra vez”.

Em entrevista à repórter Anna Bustamante

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Com informações da fonte
https://oglobo.globo.com/rio/noticia/2025/12/16/vivi-para-contar-se-eu-me-mexesse-iam-me-dar-um-tiro-na-cara-conta-comerciante-que-foi-vitima-de-roubo-retratado-pelo-mapa-do-crime.ghtml

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