Jimmy Cliff, cantor e compositor jamaicano que morreu aos 81 anos, tinha uma relação íntima com o Brasil. A conexão do artista com o país começou no final dos anos 1960, quando ele participou do Festival Internacional da Canção, no Rio. E foi reforçada no início dos anos 1980, quando ele fez uma turnê de sucesso, aqui, com Gilberto Gil.
Juntos, Gil e Cliff passaram por cinco capitais brasileiras, com apresentações em Salvador (Fonte Nova), Recife (Geraldão), Belo Horizonte (Mineirinho), Rio de Janeiro (Maracanãzinho) e São Paulo (estádio da Portuguesa). Eram dois shows separados, com Gilberto Gil abrindo para Jimmy Cliff, mas eles faziam algumas músicas juntos ao longo da noite.
Em uma das apresentações da dupla, antes de subir ao palco, Cliff recebeu uma notícia triste.
— Pouco antes de entrar em cena fui informado de que o meu pai havia passado para o outro lado da existência. Ou seja: o que você chamaria de morrer. Pois me veio uma energia muito forte aquela noite, para o show — recordou o artista em entrevista publicada pelo GLOBO, em 2021. —Quando canto, eu geralmente não ouço a minha voz. Mas naquela noite u consegui me ouvir cantando com tanta força “Bongo man” e todas as canções.
Gilberto Gil apresentava algumas de suas canções com versões em reggae, como “Realce”, e outras do gênero jamaicano revisitadas em português, como “No woman no cry”, que nas mãos do baiano virou o sucesso “Não chores mais”. Cliff cantou seus clássicos, como “The harder they come” e “Many rivers to cross”.
Morre Jimmy Cliff, ícone do reggae, aos 81 anos. Veja fotos;
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Morreu o cantor e compositor jamaicano Jimmy Cliff, um dos maiores nomes da história do reggae, aos 81 anos. Foto: Divulgação
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A informação foi confirmada num texto publicado no perfil oficial do artista no Instagram, assinado por Latifa, sua esposa
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Apresentação do cantor Jimmy Cliff no Terceiro Festival Internacional da Canção (FIC), no Maracanãzinho. Foto: Arquivo / Agência O Globo
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Show dos cantores Gilberto Gil e Jimmy Cliff, em 1980. Foto: Raimundo Silva / Arquivo / Agência O Globo
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Show dos cantores Gilberto Gil e Jimmy Cliff, em 1980. Foto: Raimundo Silva / Arquivo / Agência O Globo
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A cineasta Tizuka Yamasaki conversa com Jimmy Cliff sobre a filmagem de seu vídeoclipe. Foto: Jorge Marinho / Agência O Globo
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Show de Jimmy Cliff no Rock in Rio II, em 1991. Foto: Custódio Coimbra / Agência O Globo
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O cantor jamaicano Jimmy Cliff se apresenta durante o festival Rototom Sunsplash em Benicassim, província de Castellón, em 16 de agosto de 2014. Foto: Jose Jordan / AFP
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O cantor jamaicano Jimmy Cliff se apresenta durante o festival Rototom Sunsplash em Benicassim, província de Castellón, em 16 de agosto de 2014 — Foto: Foto: Jose Jordan / AFP
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Jimmy Cliff se apresenta no palco no dia da abertura do 45º Festival de Jazz de Montreux, em Montreux, em 1º de julho de 2011 — Foto: Foto: Fabrice COFFRINI / AFP
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Jimmy Cliff é fotografado antes de uma coletiva de imprensa, parte da 11ª edição do festival internacional de música “World Rhythms” Mawazine, em Rabat — Foto: FADEL SENNA / AFP
Segundo a família, cantor sofreu uma convulsão após quadro de pneumonia
Problemas com a polícia no Recife
O show que Jimmy Cliff e Gilberto Gil fizeram em Recife, no dia 28 de maio de 1980, acabou virando alvo de inquérito policial. Cerca de 20 mil pessoas estiveram no Ginásio Esportivo Geraldo Magalhães (Geraldão) para acompanhar o show.
“”Eles eletrizaram o público com os mais variados tipos de ritmos musicais, desde o baião nordestino até reggae centro-americano. O show, realizado no Geraldão, cujas dependências foram quase que literalmente ocupadas, está sendo considerado como o melhor do ano”, afirmou o Diario de Pernambuco em reportagem publicada dois dias depois.
O suposto uso indiscriminado de maconha por parte do público causou indignação das autoridades, que abriram uma investigação por “apologia à droga”. “Grupos de jovens acendiam bem enrolados cigarros de marijuana, como a ilustrar o apelo do grupo da Jamaica”, continuou a publicação.
Em 5 de junho, ainda de acordo com o Diário de Pernambuco, o advogado Teócrito Guerreiro deu entrada na Justiça com um pedido de abertura de processo contra os cantores, “apontando-os como autores de apologia de crime e incitação à prática de crime, cujas penas somadas variam entre seis meses a um ano de detenção, além de multas de CR$ 4 a CR$ 12 mil”. O principal argumento foi a interpretação de “Legalize it”. “A conduta dos artistas assume uma conotação de gravidade, considerando-se que a maior parte da assistência era de jovens adolescentes, cujas faixas variam dos 12 anos aos 18 anos, daí se concluir o alto teor de irresponsabilidade dos ídolos dessa nossa mal orientada juventude”, sustentava o advogado em sua ação.
Em 14 de junho, um juiz mandou instaurar inquérito contra Gil e Cliff, acolhendo uma parecer do promotor Francisco Miranda, que tomou como base a representação formulada por Teócrito Guerreiro. O caso chegou a ser encaminhado para a Delegacia de Entorpecentes daquela capital, mas não teve andamento.

