A Polícia Civil do Rio de Janeiro descartou a ocorrência de crime na morte do piloto de voo e bicampeão brasileiro de asa-delta Philip Haegler, conhecido como Phil, de 64 anos, que se acidentou durante um voo de parapente em São Conrado, na Zona Sul, na tarde de quinta-feira. Segundo a delegada Daniela Terra, titular da 15ª DP (Gávea), os elementos reunidos até agora apontam para uma fatalidade, sem qualquer indício de participação de terceiros.
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— A princípio, não há nada que leve a crer que houve crime. Foi um acidente, uma fatalidade — afirmou a delegada, descartando boatados sobre a morte do atleta: — Essa história de que ele teria batido numa asa-delta é boato. Não existe vídeo, não existe relato formal. Ninguém trouxe essa informação ao papel. Não têm lastro disso em nenhum elemento da investigação.
A delegacia registrou a ocorrência para permitir a realização de perícia no local e ouvir pessoas que presenciaram a queda. Testemunhas já foram ouvidas, e outras ainda serão chamadas, mas, de acordo com a polícia, não há elementos que justifiquem a abertura de investigação criminal.
— É um esporte de alto risco, sujeito a acidentes com muita frequência. Já ouvimos algumas pessoas e, por enquanto, nada indica crime ou qualquer ação externa — complementou Daniela Terra.
Impacto contra prédio em São Conrado
Segundo as investigações, Haegler teria se chocado contra a fachada de um prédio na Avenida Prefeito Mendes de Morais, altura do número 1500, em São Conrado. Bombeiros o socorreram em estado gravíssimo e o levaram para o Hospital Municipal Miguel Couto, no Leblon, onde ele morreu pouco depois de dar entrada.
O corpo permanece no Instituto Médico-Legal (IML) aguardando liberação. O crematório será neste sábado, no Cemitério do Caju, com a presença de familiares e amigos. O irmão de Phil viaja de Portugal para acompanhar os trâmites.
Ex-presidente da Confederação Brasileira de Voo Livre (CBVL), Phil Haegler é considerado um dos nomes mais importantes da história da modalidade no Brasil. Sua morte revive lembranças de outra tragédia marcante do voo livre: a de Pepê Lopes, em 1991.
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Phil e Pepê integravam a mesma equipe em um torneio internacional no Japão quando o carioca morreu após enfrentar ventos fortes e baixa visibilidade na região de Wakayama. Phil havia alertado o amigo minutos antes:
— Não salta, Pepê! Não vai dar para chegar ao fim. As condições estão péssimas. Vou pousar agora — recordam companheiros do grupo.
Pepê, então com 33 anos, admitiu o receio, mas decidiu seguir com o salto. Ele morreu ao se chocar contra um morro após uma turbulência. O brasileiro Paulo Coelho, que completava a equipe, também sofreu um acidente fatal seis anos depois, na Califórnia.
A morte de Haegler, mais de três décadas após a perda de Pepê, volta a expor os riscos permanentes de uma modalidade na qual até atletas mais experientes estão sujeitos a condições imprevisíveis de voo.

