No dia 3 maio, mais de 2 milhões de pessoas ó vindas de toda a América Latina ó ergueram seus leques nas areias de Copacabana, ao som de Born This Way, de Lady Gaga, hino da comunidade queer. No próximo domingo (23), os leques e as cores voltam à orla, na edição comemorativa de trinta anos da Parada do Orgulho LGBTI Rio. Os organizadores esperam atrair 1 milhão de participantes, celebrando a diversidade e o simples direito de ser feliz na própria pele. “O evento representa trÍs décadas de construção democrática da expressão dos desejos almejados pela comunidade e as consequentes vitórias”, define Patrícia Esteves, vice-presidente do Grupo Arco-Íris, responsável pela festa. Entre as atrações confirmadas estão Daniela Mercury, Aretuza Lovi e Romero Ferro, por exemplo. “O Rio de Janeiro, como capital cultural do país, sempre foi precursor na luta dos LGBT, desde a época do grupo Dzi Croquettes, em plena ditadura militar”, observa Daniela, que vai se apresentar no trio elétrico do app de relacionamento Grindr.
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A concentração está marcada para as 11 horas, em frente ao Posto 5. Drag queens de sucesso no Brasil, como Lorena Simpson e Grag Queen, apresentadora do Drag Race Brasil, vão desfilar no trio da Pink Flamingo. “É importante reforçar que devemos ter espaços de acolhimento e diversão ao longo de todo o ano”, aponta Thiago Araujo, sócio da boate em Copacabana. Esse também é o momento de chamar a atenção para demandas desse público, como o acesso a certos direitos matrimoniais em uniões homoafetivas e a implementação de políticas públicas efetivas. “Ainda somos o país que mais mata, discrimina e violenta essa população”, aponta o coordenador do programa estadual Rio Sem LGBTIfobia, Ernane Alexandre. Os transexuais, lembra ele, estão em constante vulnerabilidade, com escassas oportunidades no mercado de trabalho. “Muitas empresas se dizem inclusivas apenas por empregar uma pessoa trans, mas se esquecem de que o mais importante é dar condições para que permaneçam nos cargos”, enlaça Alexandre.
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A praia de Ipanema levou medalha de prata na lista das mais amigáveis para gays, lésbicas, trans e intersexuais num ranking realizado pelo site GayCities, em 2021. Atento a essa vocação, o empresário Tristan Schukraft resolveu trazer a rede de hotéis Tryst Hospitality para o Posto 9. “Sempre amei o Rio e o bairro tem uma energia envolvente. A comida é deliciosa e os homens são maravilhosos. Até o ar parece sensual”, opina o americano. Com previsão de inauguração em 2026 na icônica Rua Farme de Amoedo ó onde funcionou o Golden Tulip Ipanema Plaza ó, o The Tryst Ipanema foca na letra “g” da sigla. “É um lugar para ser gay sem remorso algum”, complementa Schukraft. O Rio também foi pioneiro ao ver nascer a primeira roda de samba para o público queer brasileiro, a Sambay. “Ouvíamos que gays não sambavam, mas aqui o som é feito por nós e para nós, não temos medo de furar nenhuma barreira”, diz Márcio Lima, um dos produtores. E vem mais: no dia 30 de novembro, estreia a Nossa Roda, comandada pela drag queen Ohana Azalee, na Casa Savana, no Centro. O Rio é plural por natureza.

Os frutos da luta
As conquistas da população LGBTQIA+ no Brasil
1990 • A Organização Mundial da Saúde removeu a homossexualidade da Classificação Internacional de Doenças (CID).
1995 • O Rio recebe a 17ª conferência da Ilga (Associação Internacional de Lésbicas e Gays), que termina com uma marcha em Copacabana, considerada a primeira Parada do Orgulho LGBTI do país.
1999 • O Conselho Federal de Psicologia publica resolução proibindo profissionais de oferecer “cura gay”, suposto tratamento para mudar a orientação sexual.
2004 • Considerado o primeiro plano nacional de combate à violência e discriminação por orientação sexual e identidade de gênero, o programa Brasil sem Homofobia é lançado.
2018 • O Supremo Tribunal Federal garante a alteração de nome e gênero no registro civil para pessoas trans, permitindo a mudança sem a necessidade de cirurgia de redesignação sexual ou autorização judicial.
2020 • O STF considera inconstitucionais normas que impediam homens gays e bissexuais de doarem sangue, reconhecendo o caráter discriminatório da regra.
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Com informações da fonte
https://vejario.abril.com.br/programe-se/rio-celebra-30a-parada-orgulho/

