CPI do Crime Organizado realiza segundo dia de depoimentos e amplia foco sobre falhas de integração entre forças de segurança

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Eleito como presidente da CPI do Crime Organizado, senador Fabiano Contarato — Foto: Cristiano Mariz


A CPI do Crime Organizado do Senado retoma nesta quarta-feira a fase de depoimentos com autoridades da cúpula da segurança pública. Depois de ouvir, na véspera, o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, os senadores recebem agora o diretor de Inteligência Penal da Senappen, Antônio Glautter de Azevedo Morais. O promotor Lincoln Gakiya, referência nacional no enfrentamento ao Primeiro Comando da Capital (PCC), havia sido convidado para esta data, mas solicitou a mudança do cronograma e será ouvido em outro momento.

O relator da comissão, senador Alessandro Vieira (MDB-SE), pretende aprofundar as informações prestadas pela cúpula da PF sobre rastreamento financeiro, infiltração de facções nos estados e atuação conjunta com outros órgãos. No primeiro dia de depoimentos, os senadores concentraram perguntas em episódios recentes que evidenciaram a capacidade de articulação das organizações, como o esquema de lavagem de dinheiro desvendado pela Operação Carbono Oculto e a operação no Complexo do Alemão e da Penha, no Rio de Janeiro, que terminou com 121 mortos no fim de outubro.

Nesta quarta, o foco é o elo entre sistema prisional, inteligência penal e crime organizado. A expectativa é que Glautter Morais detalhe a atuação de lideranças de facções a partir dos presídios, o grau de controle exercido sobre territórios e a fragilidade de comunicação entre estados e governo federal.

A CPI, instalada no início de novembro e presidida por Fabiano Contarato (PT-ES), dividiu os trabalhos em nove eixos, que incluem lavagem de dinheiro, ocupação territorial, fronteiras, crimes cibernéticos, corrupção e infiltração de facções em estruturas estatais. Contarato adiantou que, na primeira semana de dezembro, enviará convites a governadores para prestarem esclarecimentos formais à comissão. Entre os nomes previstos estão Cláudio Castro (PL-RJ), Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) e Jerônimo Rodrigues (PT-BA). A comissão também deve ouvir os ministros Ricardo Lewandowski (Justiça) e José Múcio (Defesa).

A CPI tem 120 dias para concluir os trabalhos. Um parecer preliminar deve ser apresentado em janeiro, com recomendações de aperfeiçoamento legislativo, medidas de integração entre forças de segurança e propostas para conter a expansão territorial e financeira do crime organizado no país.

Ao iniciar sua exposição, Glautter afirmou que as principais facções criminosas brasileiras nasceram dentro dos presídios e se fortaleceram em meio às fragilidades históricas do sistema penitenciário.

— A inteligência penal foi forjada justamente nesse cenário. Ela existe para produzir conhecimento e subsidiar juízes, gestores e órgãos de persecução penal.



Com informações da fonte
https://oglobo.globo.com/politica/noticia/2025/11/19/cpi-do-crime-organizado-realiza-segundo-dia-de-depoimentos-e-amplia-foco-sobre-falhas-de-integracao-entre-forcas-de-seguranca.ghtml

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