Quando aquele menino de 14 anos, cujo uniforme sobrava no corpo franzino, cruzou os portões da Gávea, em setembro de 1967, para seu primeiro teste no clube, ninguém imaginava que eram os primeiros passos do maior ídolo da história do Flamengo.
Primeiro capítulo: Do nascimento da nação rubro-negra ao primeiro time de futebol
Segundo capítulo: Título carioca de 1914 foi a primeira de muitas glórias do rubro-negro
Terceiro capítulo: Pelas ondas do rádio, o ídolo Zizinho coloca o rubro-negro no mapa do Brasil
Quarto capítulo: Maracanã vira casa da multidão rubro-negra em década protagonizada por Dida
Celso Garcia, o radialista que levou o garoto para ter uma chance no rubro-negro, talvez vislumbrasse algo de especial ali. Afinal, ele já tinha visto o futebol do moleque de Quintino nas várzeas do bairro da Zona Norte do Rio de Janeiro.
À primeira vista, o físico mirrado não encantou o técnico da base Modesto Bria. Mas o talento com a bola nos pés o fez mudar de opinião. E, para competir com jogadores mais fortes, deu-se início a um trabalho de crescimento e aumento de massa muscular.
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Foi assim, mais encorpado, que o Galinho de Quintino estreou no time profissional em 1971. Aos 18 anos, Zico vestiu a camisa 9 no clássico com o Vasco, pela Taça Guanabara. Já em seu primeiro jogo deu passe para o gol de Nei na vitória rubro-negra por 2 a 1.
O primeiro dos 508 gols marcados com a camisa rubro-negra não demorou a sair. No dia 11 de agosto daquele ano, ele fez o gol de empate com o Bahia, na Fonte Nova, pelo Campeonato Brasileiro — de quebra, foi o tento inaugural do Flamengo na história do torneio nacional cuja edição de estreia foi em 1971.
O gol foi mais ao estilo da camisa 9 que ele envergava à época. Murilo cruzou na área, Zé Eduardo ajeitou de cabeça e Zico tocou na saída do goleiro do Bahia.
Zico é abraçado por Junior e Doval no Flamengo e America do Carioca de 1974
Arquivo/O Globo/08.12.1974
A camisa 10 só foi dada a Zico alguns anos depois. Até então, o meio-campo jogava com o número que estava vago — não havia numeração tão fixa na época. Doval, Fio Maravilha e Paulinho se revezavam com ela.
Com a saída do argentino, o Galinho se firmou na posição e assumiu a camisa 10 de forma definitiva. Foi vestido com o manto imortalizado por seu talento que Zico levantou a primeira taça no clube como titular: o Campeonato Carioca de 1974.
A gestação do rolo compressor rubro-negro
O Flamengo do início dos anos 1970 não se assemelha ao rolo compressor que se tornaria ao final daquela década e início da seguinte. Foram poucos títulos e momentos brilhantes. Mas a semente da era vitoriosa estava sendo plantada.
Zico dava mostras do craque que viria ser. E alguns anos depois, ele encontrou o seu maior parceiro do futebol: Leovegildo Lins Gama Junior, ou apenas Junior Capacete.
Destaque na base do Flamengo, Junior estreou num despretensioso amistoso contra o Operário-MT, em novembro de 1974. Inicialmente meio-campo no juvenil, ele foi a solução para a lateral-direita — isso mesmo, só depois ele migrou para a esquerda — após a saída de Murilo e a insatisfação da torcida com Humberto.
Junior comemora gol na vitória do Flamengo sobre o America, pelo Carioca de 1974
Arquivo/O Globo/08.12.1974
A aposta do então técnico Joubert deu certo: em poucos jogos Junior já era o titular absoluto da posição e começava a escrever a sua própria história no clube. É dele o impressionante recorde de 875 partidas com a camisa rubro-negra.
Enquanto os futuros campeões forjavam o time vencedor, quem já estava quase de saída também deixava sua marca no clube. Era verão de 1972, quando o atacante mineiro Fio fez um golaço diante do Benfica, de Portugal, no Torneio Internacional, no Maracanã.
Um ilustre rubro-negro assistiu à pintura das arquibancadas do estádio e a transformou em música, vencedora do Festival Internacional da Canção no fim daquele ano. E assim nasceu o clássico “Fio Maravilha”, do cantor e compositor Jorge Ben. O gol de placa do atacante valeu a vitória sobre os portugueses e eternizou o jogador.
O primeiro título da dupla de ouro do Flamengo
Após um Campeonato Brasileiro mediano — sexto lugar na classificação geral —, o Flamengo começou o segundo semestre com uma meta: o título carioca de 1974. O Vasco de Roberto Dinamite fora o campeão nacional, e o rubro-negro, já comandado por Zico, não queria ficar para trás.
Não foi fácil. O America, que contava com Edu, irmão de Zico, ganhou o primeiro turno. O segundo turno ficou com o Vasco. Restava ao rubro-negro vencer o terceiro turno e disputar o triangular final.
Junior, Zico e Jaime exibem para a torcida rubro-negra o troféu do Estadual de 1974
Arquivo/O Globo/22.12.1974
Após altos e baixos — vitórias nos clássicos e derrotas para os pequenos —, a equipe precisava superar o America na última rodada. De virada, com gols de Junior e Zico (de falta no ângulo), o Flamengo fez 2 a 1 e conquistou o terceiro turno do Estadual.
No triangular final, o Flamengo fez 2 a 1 no America, gols de Jaime e Junior. Após o empate entre o time rubro e o Vasco, o rubro-negro precisava da igualdade diante do cruz-maltino.
Em dezembro de 1974, o Maracanã recebeu mais de 165 mil torcedores para o Clássico dos Milhões. Apesar das chances de lado a lado, a partida terminou 0 a 0, e Zico e Junior puderam finalmente levantar seu primeiro título juntos como profissional.
Com informações da fonte
https://extra.globo.com/esporte/flamengo/noticia/2025/11/130-anos-do-flamengo-zico-chega-ao-rubro-negro-e-comeca-a-geracao-de-ouro.ghtml
130 anos do Flamengo: Zico chega ao rubro-negro e começa a geração de ouro
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