Símbolo da vida, a água tem papel central no debate sobre mitigação e adaptação às mudanças climáticas. Segundo dados da Sanitation and Water For All, uma parceria global fomentada pelas Nações Unidas, uma em cada quatro pessoas não tem acesso à água potável e quase metade da população mundial não dispõe de saneamento básico. Em um contexto em que as mudanças climáticas estão associadas a eventos extremos frequentes como ondas de calor, secas, tempestades e enchentes – todos com impacto direto na disponibilidade de recursos hídricos – essa desigualdade pode resultar em uma maior incidência de doenças evitáveis, danos à infraestrutura urbana, perdas econômicas e humanas.
Gerir um recurso finito e essencial para garantir acesso universal à água de qualidade é um desafio global tão relevante quanto a transição energética, razão pela qual o tema ganha destaque na COP30. No Brasil, a Aegea Saneamento, empresa mais representativa do setor, desenvolve projetos inovadores na gestão hídrica. Cuidar da água com responsabilidade envolve atuar em toda a cadeia: preservar mananciais, reduzir perdas, desenvolver projetos de água de reúso e manter eficiência mesmo diante de secas e enchentes cada vez mais frequentes.
— A água é o eixo invisível de toda a sustentabilidade. Sem segurança hídrica, não há transição possível. No Brasil, ainda temos 35 milhões de pessoas sem acesso à água tratada e cerca de 90 milhões sem coleta de esgoto, um desafio que impacta a saúde pública, agrava desigualdades e enfraquece a resiliência ambiental — destaca Radamés Casseb, CEO da Aegea Saneamento.
De acordo com relatório divulgado pela organização não governamental WaterAid em 2020, a verba destinada ao avanço do saneamento representou apenas 3% do total do financiamento climático global. Foi nesse mesmo ano que o Brasil deu um passo para reverter a inércia histórica de investimentos no setor com a aprovação do Marco Legal do Saneamento. A legislação traça metas para que 99% da população tenha acesso à água potável e 90% ao tratamento de esgoto até 2033.
— O maior desafio do Brasil para cumprir o marco do setor é transformar planos em ação: ampliar investimentos, fiscalizar sua execução e garantir que eles cheguem às áreas mais vulneráveis. As concessões têm avançado nessa agenda ao acelerar os investimentos, mas ainda é preciso ampliar a conscientização da população — pontua Luana Pretto, presidente executiva do Instituto Trata Brasil.
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A atuação da Aegea, presente em mais de 890 municípios e 15 estados, beneficiando 39 milhões de brasileiros, ratifica o pensamento da presidente do Trata Brasil. A empresa tem realizado captações com rótulo ESG no mercado nacional e internacional. Entre os R$ 23 bilhões de títulos ESG emitidos, estão as debêntures sustentáveis e azuis, os Sustainability Linked Bonds e a maior operação corporativa mundial de Blue Bonds, de US$ 750 milhões.
Além disso, investe em tecnologias inovadoras para ampliar serviços, reduzir perdas hídricas e atuar de forma ágil em emergências climáticas. Durante as enchentes do Rio Grande do Sul, a companhia utilizou imagens de satélite para identificar cidades com a infraestrutura alagada e sensores para detectar domicílios com o fornecimento de água interrompido, agilizando as medidas de restabelecimento dos serviços.
Outro grande trunfo é a técnica de reúso de esgoto tratado, um método implementado em diversos países para “reciclar” a água. Por meio de um processo avançado de filtragem, esse efluente torna-se limpo, podendo ser utilizado novamente em atividades industriais.
A adoção de técnicas como essa torna o sistema de abastecimento mais resiliente, evitando o sobrecarregamento dos recursos naturais e garantindo uma maior disponibilidade do uso da água pela população. Além disso, o processo de saneamento seguro associado a essas práticas evita a contaminação das fontes hídricas.
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O impacto da Águas do Rio na resiliência ambiental
Adoção de tecnologias e gestão inteligente da água impulsionam o avanço do saneamento e fortalecem a proteção de mananciais
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Os olhos do mundo podem estar voltados para Belém, no Pará, durante a COP30, mas o Rio de Janeiro, cartão-postal do Brasil, também tem avançado no caminho da sustentabilidade. Nos últimos quatro anos, a Águas do Rio, empresa da Aegea, já investiu R$ 5,1 bilhões em saneamento básico e na recuperação de ecossistemas vitais, como a Baía de Guanabara.
Um dos maiores desafios da concessionária, que atua em 27 municípios, é reduzir o índice de perda de 65% para 25% em até dez anos. O primeiro passo para isso foi dado em 2022, com a incorporação de um satélite usado para buscar sinais de água em Marte ao Programa de Redução de Perdas. Do espaço, o equipamento mapeia vazamentos no subsolo das cidades. Graças à tecnologia, cerca de 18 bilhões de litros de água tratada deixaram de ser desperdiçados em 2024, volume suficiente para abastecer mais de 300 mil pessoas por ano.
É também no Estado do Rio que está saindo do papel o maior projeto de produção de água de reúso do país, por meio da Apura, empresa do grupo Aegea, responsável por soluções sustentáveis. A iniciativa utilizará o esgoto tratado nas estações operadas pela Águas do Rio para fornecer água de reuso para polos industriais, poupando volume de água potável equivalente ao consumo de 900 mil pessoas.
— A água, antes vista como abundante, hoje exige uso inteligente e cada vez mais sustentável. A utilização do efluente tratado nas ETEs como novos recursos hídricos para a indústria mostram como o saneamento pode ser uma das mais importantes ferramentas de adaptação climática das cidades, especialmente em regiões com estresse hídrico — analisa Anselmo Leal, diretor-presidente da Águas do Rio.
