Dormir no mesmo quarto, sim; na mesma cama, não: orientações para seu bebê

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Pediatra explica por que dividir o quarto reduz riscos e como garantir um sono seguro sem colocar o bebê na cama dos pais; saiba quando fazer a transição e quais cuidados ter com o ambiente

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Bebê deve dormir em superfície própria, como um berço acoplado à cama dos pais

Ao analisarmos as condutas preconizadas pela Academia Americana de Pediatria, Sociedade Brasileira de Pediatria e Sociedades Europeias de Pediatria, observa-se um consenso: recomenda-se o compartilhamento de quarto entre pais e o bebê por, pelo menos, os seis primeiros meses de vida. A Academia Americana de Pediatria, inclusive, estende essa orientação até os doze meses, considerando que essa proximidade proporciona menor incidência de asfixia e de morte súbita do lactente, em virtude da maior supervisão durante o sono. Além disso, postula-se que essa proximidade possa fortalecer o vínculo afetivo entre pais e filho, especialmente nos primeiros meses de adaptação familiar.

Entretanto, é fundamental reforçar que não se deve permitir que o bebê ou a criança durma na mesma cama dos pais, sobretudo nas idades mais precoces. Essa prática está associada a riscos potencialmente fatais, por superaquecimento, acidentes traumáticos ou compressão acidental decorrente da movimentação involuntária de um adulto durante o sono. Também é contraindicado o compartilhamento de quarto em situações de tabagismo no ambiente, temperatura inadequada (tanto superaquecimento quanto resfriamento excessivo) ou ventilação precária, condições que podem agravar o risco de eventos adversos.

Como manter a proximidade com segurança

Na minha prática clínica, sugiro fortemente o compartilhamento de quartos, mas nunca o compartilhamento da cama. A proximidade física garante vigilância e conforto, mas o bebê deve dormir em superfície própria, como um berço acoplado à cama dos pais (side crib) ou, em idades um pouco maiores, uma caminha acoplada, que permite supervisão constante sem comprometer a segurança. É importante salientar que poltronas, sofás ou camas de adulto não oferecem segurança adequada, pois há risco de queda, asfixia ou aprisionamento entre superfícies.

Sono do bebê e dos pais: quando um afeta o outro

Outro aspecto relevante é o impacto do sono dos pais sobre o bebê e vice-versa. O ruído e o movimento dos adultos podem interferir na qualidade do sono da criança, enquanto despertares frequentes do bebê prejudicam o descanso dos pais. Em famílias nas quais os cuidadores precisam levantar cedo para trabalhar, a privação de sono pode comprometer a concentração e aumentar o risco de acidentes domésticos ou laborais.

Além dos aspectos de segurança e sono, há também uma dimensão emocional e conjugal que deve ser considerada. Tão logo a família se sinta segura – e, no máximo, alcançado o prazo sugerido pelas diferentes sociedades pediátricas -, é recomendável que o bebê não permaneça dormindo com os pais. A manutenção prolongada dessa prática pode, com o tempo, interferir na intimidade do casal, favorecendo um distanciamento gradual e progressivo, que em alguns casos pode até culminar na dissolução da união conjugal. Preservar o espaço do casal é também um componente importante da saúde familiar e, indiretamente, do bem-estar da própria criança.

A partir do momento em que os pais se sentirem seguros, especialmente após o bebê completar de um a dois meses de vida, é possível iniciar uma transição gradual para o quarto próprio, desde que o ambiente esteja próximo ao dos pais. O uso de babás eletrônicas ou câmeras facilita a supervisão contínua, oferecendo tranquilidade e segurança para toda a família durante essa fase de adaptação. Algumas famílias optam pela segurança de deixar uma terceira pessoa (babá ou profissional de enfermagem) dormindo no mesmo quarto da criança.

Por fim, reforço as recomendações clássicas de sono seguro, fundamentais na prevenção da síndrome da morte súbita do lactente (SIDS):

  • O bebê deve dormir sempre de barriga para cima;
  • O berço deve estar livre de lençóis soltos, mantas, travesseiros e brinquedos;
  • O colchão deve ser firme e ajustado ao berço;
  • Pode-se utilizar sacos de dormir ou agasalhos adequados à temperatura ambiente;
  • Evitar o uso contínuo de roupas térmicas, retirando-as sempre que a temperatura estiver amena, e optando por vestimentas condizentes com a média térmica do quarto, de modo a prevenir tanto o superaquecimento quanto o resfriamento;
  • O uso de travesseiro fino e perfurado é aceitável apenas sob supervisão, visando maior segurança respiratória.

A orientação aos pais deve ser individualizada, levando em conta o perfil familiar, as condições do domicílio e o desenvolvimento da criança. O objetivo maior é sempre o mesmo: garantir segurança, sono reparador e bem-estar físico e emocional para o bebê e sua família.

Alessandro Danesi – CRM 57.351 / RQE 57.526
Médico Pediatra
Head Nacional de Pediatria da Brazil Health





Com informações da fonte
https://jovempan.com.br/saude/dormir-no-mesmo-quarto-sim-na-mesma-cama-nao-orientacoes-para-seu-bebe.html

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