O Rio de Janeiro passou a ser, oficialmente, o estado com o maior número de presos em penitenciárias federais do Brasil, segundo nota divulgada nesta quarta-feira (12/11) pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública, por meio da Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen.
A marca foi alcançada após a transferência de sete chefes do Comando Vermelho (CV) para o sistema federal, entre eles Irmão Metralha, Naldinho e My Thor, todos apontados como lideranças da facção que continuavam a coordenar ações criminosas de dentro das cadeias do Rio.
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Com isso, o estado chega a 66 presos de alta periculosidade sob custódia federal, consolidando-se como o principal fornecedor de detentos ao sistema penitenciário federal.
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Operação sob alto nível de segurança
As transferências foram executadas nesta quarta-feira (12) pela Polícia Penal Federal, em operação de segurança máxima que envolveu aviões da Força Aérea Brasileira e comboios blindados.
Os sete criminosos foram levados de Bangu 1, no Complexo de Gericinó, até a Base Aérea do Galeão, e seguiram para a Penitenciária Federal de Catanduvas (PR), a mesma unidade que abriga Fernandinho Beira-Mar, fundador e principal liderança do Comando Vermelho.
Apesar da coincidência de destino, os detentos não terão contato com Beira-Mar nem entre si, já que o sistema federal mantém todos os presos em celas individuais e isolamento de 22 horas diárias.
“As vagas solicitadas pelo governo do Rio foram atendidas integralmente. Cada preso é avaliado individualmente e transferido apenas com autorização judicial”, informou a Senappen em nota.
Isolamento total e disciplina rigorosa
Nas penitenciárias federais, cada preso ocupa cela individual e não tem contato direto com outros custodiados.
As visitas sociais e atendimentos jurídicos ocorrem exclusivamente por parlatório, sem contato físico, e todas as atividades são monitoradas por câmeras e policiais penais federais.
A alimentação, vestuário e itens de higiene são fornecidos pela própria unidade, impedindo o ingresso de qualquer material ilícito.
Desde a criação do sistema, em 2006, não há registro de entrada de drogas, armas ou celulares nas unidades federais.
“O modelo federal de execução penal é referência nacional em segurança e legalidade, assegurando o isolamento das lideranças criminosas e o fortalecimento da segurança pública”, destacou o órgão.
Contexto da transferência
A operação ocorre após a megaoperação policial no Rio de Janeiro, que deixou 121 mortos e revelou a atuação de líderes do CV dentro dos presídios estaduais, especialmente em Bangu 1.
A decisão de transferi-los foi tomada pelo juiz Rafael Estrela Nóbrega, da Vara de Execuções Penais (VEP-RJ), que destacou o dever do Estado de priorizar a segurança coletiva sobre o interesse individual dos presos.
“É dever do juízo preservar o interesse coletivo diante de risco real de coordenação de práticas criminosas a partir do cárcere”, escreveu o magistrado.
