“Extra Favelas” discute geração de trabalho e renda em Realengo

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As dificuldades de acesso a empregos formais, a potência criativa e empreendedora das favelas e os desafios para impulsionar trabalho e renda nas comunidades estiveram no centro do debate da 5ª edição do “Extra Favelas”. O evento aconteceu na segunda-feira, dia 27 de outubro, no Parque Realengo Susana Naspolini, ao lado da comunidade Parque Ideal, na Zona Oeste do Rio. O painel, mediado pela repórter do Extra Roberta de Souza, contou com a participação dos vereadores Willian Siri (PSOL) e Felipe Pires (PT) de Célia Domingues, vice-presidente da Associação Comercial do Rio de Janeiro; e Carla Panisset, gerente de Empreendedorismo Social do Sebrae Rio. O evento é uma realização do Jornal Extra em parceria com a Câmara Municipal do Rio de Janeiro.

Willian Siri abriu a conversa defendendo que a sociedade vive um momento em que as pessoas não querem mais um trabalho formal, mas têm o desejo de empreender. Para garantir que as favelas tenham oportunidades de trabalho com qualidade, de acordo com ele, é preciso que haja investimento do poder público na transformação dos territórios.

— As favelas têm suas múltiplas particularidades. Mas o Estado precisa de uma agenda de transformação para elas se desenvolverem. Uma praça pública bem estruturada, por exemplo, pode gerar empregos, é um fomentador de cultura, de esporte, de encontro entre as pessoas. É necessário desenvolver as favelas. O trabalhador e a trabalhadora já fomentam a região, mas não têm saneamento básico, moradia qualificada.

Célia Domingues destacou que, embora seja peça-chave para o impulsionamento do empreendedorismo, o poder público precisa ouvir o que a população considera prioridade entre as necessidades das comunidades.

— O poder público não pode chegar com o projeto pronto nas favelas. Precisamos ser ouvidos e que ele se comprometa com a formalização, com a participação e com a visibilidade dos negócios das favelas. A maioria dos empreendedores é muito responsável, estão transformando vidas e, o mais importante, dando trabalho digno para outros moradores. É preciso ajudar as favelas a terem seus negócios, que são muito potentes e podem transformar o território.

Felipe Pires levou para o debate a assistência social. Para ele, o apoio do Estado deve chegar antes da busca pela independência financeira:

— Eu não conheço ninguém que consiga empreender com fome, estudar quando está em situação de vulnerabilidade, quando não tem refeição digna em casa. A assistência social fala também da inclusão socioprodutiva, que é quando você consegue dar capacidade para aquele indivíduo gerar renda, formando mão de obra para essa pessoa acessar o mercado de trabalho.

Carla Panisset acredita que o empreendedorismo requer suporte em algumas frentes de trabalho e investimento. Aliar política pública, terceiro setor e os trabalhadores, na opinião dela, é fundamental para que ele se desenvolva nas favelas:

— No Sebrae, temos uma série de programas e projetos voltados para os gestores públicos, com o objetivo de trabalhar os planos municipais de inclusão produtiva. E também apoiamos o terceiro setor, porque as ONGS estão dentro dos territórios, com dificuldade de capacitar recursos e prestar contas. Ajudamos as instituições na gestão e na oferta de qualificação empreendedora para organizações sociais de trabalho e renda. Os empreendedores sabem o que fazer, o que a gente faz é dar ferramentas para que aquele negócio gere mais renda.

O vereador Felipe Boró (PSD) prestigiou o evento. Ao final, quando o debate foi aberto ao público, recebeu uma pergunta sobre como ele alcançou estabilidade financeira e como uma iniciativa pública poderia ter ajudado mais na sua trajetória profissional. Nascido e criado na Vila Vintém, em Realengo, Boró defendeu o incentivo à capacitação dos jovens em áreas diversas.

— Passei por todas as dificuldades de um jovem de comunidade. Depois de inúmeras tentativas de conseguir trabalho, aprendi a profissão de técnico de refrigeração. Aprendi em uma empresa, mas me aperfeiçoei em um curso.Trabalhava de dia, tinha aulas à noite. É preciso impulsionar o jovem. As oportunidades são sempre as mesmas na comunidade. É barbearia, é salão de beleza. A limpeza de um ar-condicionado custa R$ 150. Mas cadê o fomento para isso, as oportunidades? — questionou.

No fim do evento, o Piseiros do Charme, grupo de dança da região, fez uma apresentação para os presentes. Professores e alunos se reúnem duas vezes por semana para aulas gratuitas, que acontecem na sede da associação de moradores da região.

— É um projeto voltado para a cultura local. As pessoas, quando se juntam, conseguem compreender melhor o charme e viver com mais qualidade de vida — afirmou Ramon Vaz, coordenador da iniciativa.



Com informações da fonte
https://extra.globo.com/conteudo-de-marca/camara-municipal-do-rio-de-janeiro/noticia/2025/10/extra-favelas-discute-geracao-de-trabalho-e-renda-em-realengo.ghtml

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