O governo federal aguarda uma decisão da Justiça Estadual do Rio de Janeiro para transferir dez traficantes do Comando Vermelho para presídios federais.
A gestão do governador do Rio de Janeiro, Claudio Castro (PL), pediu na quarta-feira a remoção dos detentos após a megaoperação policial nos Complexos da Penha e do Alemão, na Zona Norte da cidade, que deixou 121 mortos e 113 presos, além da apreensão de 91 fuzis e 26 pistolas. Quatro policiais (dois civis e dois PMs) morreram durante o confronto com os bandidos.
Segundo Castro, os detentos – dentre eles sete que fazem parte da “Comissão do Comando Vermelho” – estavam incitando os seus subordinados na rua a reagir contra a megaoperação, provocando pânico e caos no município.
O ministério da Justiça de Ricardo Lewandowski acatou ao pedido de Castro e disponibilizou dez vagas no sistema penitenciário federal, que conta com cinco unidades com um regime duro de isolamento e vigilância. Os dois líderes da facção, Fernandinho Beira-Mar e Marcinho VP, já estão reclusos em presídios federais há décadas.
Apesar do acordo entre as gestões Castro e Lula, a palavra final cabe à Vara de Execuções Penais do Rio. A transferência dos presos é conduzida em sigilo. No dia da operação, os dez presos já tinham sido removidos de suas celas em Bangu 3 para Bangu 1, que é considerada de segurança máxima.
Enquanto ocorria a megaoperação, criminosos ligados à facção passaram a bloquear diversas vias do Rio e da Região Metropolitana, utilizando carros e caminhões como barricadas. Isso teria ocorrido por ordem dos líderes do Comando Vermelho que estão atrás das grades, segundo a gestão Castro.
Entre os que serão transferidos está Marco Antônio Pereira Firmino, o My Thor, que faz parte do segundo escalão da facção. No ano passado, ele foi alvo de uma operação, dentro da cadeia, suspeito de comandar comercializações de cocaína entre São Paulo e o Rio de Janeiro, mediadas por um empresário investigado pela polícia. Dez celulares foram apreendidos nas celas, onde alguns chegaram a ser quebrados pelos presos.
“A transferência de presos de alta periculosidade aguarda autorização judicial, e a alocação dos custodiados nas unidades é realizada conforme análise técnica e de inteligência da Polícia Penal Federal em tempo oportuno. Por razões de segurança, não são informados os locais de custódia até a conclusão das escoltas”, diz nota da Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen), que é responsável pela administração dos presídios federias.
