A megaoperação das Polícias Civil e Militar nos complexos da Penha e do Alemão, na Zona Norte do Rio, terminou ontem com quatro policiais mortos e outros 15 feridos e transformou o Hospital Estadual Getúlio Vargas (HGV) numa unidade de guerra. A uma das maiores emergências da cidade foram socorridos os 3º sargentos da Polícia Militar Heber Carvalho da Fonseca e Cleiton Serafim Gonçalves — ambos lotados no Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE) — e o policiais civis Rodrigo Cabrale Marcos Vinicius Cardoso Carvalho, mas os agentes não resistiram aos ferimentos. Eles foram assassinados por traficantes do Comando Vermelho durante os confrontos.
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Há apenas dois meses na corporação, Rodrigo Cabral estava lotado na 39ª DP (Pavuna), era considerado um profissional promissor. Durante o confronto, ele levou um tiro na nuca e não resistiu aos ferimentos. Nas redes sociais, o policial compartilhava momentos de sua vida fora do trabalho Em quase todas as fotos, aparecia sorridente, cercado pela família: viagens com a esposa e a filha, brincadeiras com elas e idas ao estádio Nilton Santos para acompanhar o Botafogo, time do coração.
Rodrigo era descrito pela esposa como “o melhor pai, marido e amigo”. Em fevereiro de 2024, ela publicou um vídeo e uma homenagem pelos 16 anos de relacionamento. A mensagem, acompanhada de fotos do casal e da filha, ganhou novo peso após a notícia da morte.
“Hoje sinto vontade de agradecer. Agradecer a você, a Deus, à vida, ao universo pelos últimos 16 anos que vivemos juntos. Nossa vida juntos é muito mais do que alguma vez sonhei ter, e tudo que já compartilhamos deixa meu coração orgulhoso. Me sinto muito abençoada por ter você ao meu lado. Te amo, e vou te amar para sempre! Disso pode ter certeza, e cada dia que passa amo mais e mais.”, disse a esposa naquela postagem.
Marcos Vinicius Cardoso Carvalho, conhecido entre colegas como Máskara, apelido pelo qual era amplamente conhecido, tinha uma longa carreira na Polícia Civil e recentemente assumiu uma das chefias da 53ª DP (Mesquita), Estava há 20 anos estava nos quadros da corporação e era muito respeitado entre colegas pela atuação no enfrentamento ao crime organizado, costumava participar diretamente das operações em campo, mesmo ocupando cargo de chefia.
Ele foi atingido na cabeça. Um áudio gravado por uma policial que o socorria na favela mostra o cenário de guerra que os agentes enfrentaram. Em meio ao som de tiros e explosões, ela comunicou à corporação que Marcus Vinicius havia sido baleada. Ele foi levado ao Hospital estadual Getúlio Vargas, mas não resistiu.
“Galera, o Maskara foi baleado na cabeça, a gente tá preso aqui na favela, estou pedindo prioridade. Tem que dar uma atenção, é sério, o Maskara foi baleado na cabeça”, disse a policial.
Também experientes, os sargentos Cleiton Serafim Gonçalves e Heber Carvalho da Fonseca eram policiais militares há 17 e 14 anos, respectivamente. Lotados no Batalhão de Operações Especiais (Bope), eles chegaram a ser socorridos com vida, mas não resistiram aos ferimentos. Serafim tinha 42 anos e deixa uma esposa e filha. Já Heber, tinha 39 anos e deixa a esposa, dois filhos e um enteado. Nas redes sociais, o Bope lamentou a mortes dos policiais.
“Dedicaram suas vidas ao cumprimento do dever e deixa um legado de coragem, lealdade e compromisso com a missão policial militar”, diz o comunicado.
Centro de atendimento
Os corpos e feridos na operação foram levados ao Hospital Estadual Getulio Vargas (HGV), que fica ao lado da Vila Cruzeiro, na Penha. Até a noite de ontem, os feridos não paravam de chegar. Ao todo, foram 60 suspeitos mortos pelas polícias e 15 agentes feridos: 10 PMs e cinco policiais civis. Foram baleados ainda uma pessoa em situação de rua que não foi identificado, e outros três moradores da região: Fernando Vinícius Lopes, Kelma Rejane Magalhães e Daniel Mello dos Santos. Kelma estava numa academia quando foi atingida na região dos glúteos. Todos têm estado de saúde estável.
No hospital, policiais civis e militares também apareciam inconsoláveis. Muitos choravam ao ter confirmação da morte dos colegas. Outros aproveitavam o momento para avisar à família sobre a operação:
— Eu tô bem, mas. Tô vivo! Tô aqui no hospital agora, mas logo vou voltar pra operação. Eu tô bem, pode ficar tranquila — disse um policial ao celular.
Parentes dos mortos na operação começaram a se concentrar em frente ao Hospital estadual Getúlio Vargas ainda pela manhã. Funcionários da unidade, para evitar tumulto, pediram para que eles buscassem informações no Núcleo de Acolhimento à Família. O espaço lotou e foi formada uma longa fila pela rua Dr. Weinschenk, feita principalmente por mães, irmãs e namoradas.
Uma mãe chegou aos prantos, afirmando que o filho dela estava ferido e mantido sem socorro por policiais militares:
— Eu sei que meu filho é da vida errada, eu sei que o que ele faz não é certo, mas, como mãe, é insuportável pensar em perdê-lo. Eu recebi foto dele ferido, sei que estão mantendo ele preso, mas tenho medo de que ele seja morto. Por que não podem mantê-lo com vida? Eu não vou conseguir perder ele — lamentou, aos prantos.
Com informações da fonte
https://extra.globo.com/rio/casos-de-policia/noticia/2025/10/saiba-quem-sao-os-quatro-policiais-mortos-em-megaoperacao-na-penha-e-no-alemao.ghtml
Saiba quem são os quatro policiais mortos em megaoperação na Penha e no Alemão
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