A Polícia Civil de São Paulo cumpriu nesta terça-feira, 21, seis mandados de busca e apreensão em postos de combustíveis ligados ao crime organizado. A ação, batizada de Operação Octanagem, é um desdobramento da Operação Carbono Oculto e teve como alvo locais ligados ao empresário Mohamad Hussein Mourad. As ordens judiciais foram executadas nas cidades de Santos, Praia Grande e Araraquara.
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Segundo o delegado Tiago Fernando Correia, da 3ª Divisão de Investigação sobre Crimes contra a Administração e Combate à Lavagem de Dinheiro (Dicca), o objetivo é “atacar o braço varejista” do esquema criminoso.
— Estamos analisando esses postos para saber se estão em condições adequadas de funcionamento, se há sonegação fiscal e quem são os sócios ocultos envolvidos nesse esquema criminoso — disse Correia.
Dos seis postos investigados, cinco pertencem a Pedro Furtado Gouveia e um a Luiz Ernesto Franco Monegatto, ambos ligados a Mourad. Em pelo menos um dos locais, a polícia constatou adulteração de combustível e fraude volumétrica, com bombas que liberavam menos combustível do que o mostrado no visor.
Operação Carbono Oculto
De acordo com a Receita Federal, a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) utilizava mais de mil postos de combustíveis em dez estados e controlava cerca de 40 fundos de investimento para lavar dinheiro. Deflagrada em agosto pelo Ministério Público de São Paulo, Receita Federal, Polícia Federal e outros órgãos, a Operação Carbono Oculto é considerada a maior do tipo na história do país, com 350 alvos de busca e apreensão entre pessoas físicas e empresas em sete estados.
O esquema de lavagem envolvia toda a cadeia de combustíveis — de empresas formuladoras aos postos, passando pela venda de álcool, gasolina e diesel, além das lojas de conveniência. Os valores eram inseridos no sistema financeiro por meio de fintechs e reinvestidos em negócios e propriedades por meio de fundos de investimento, fechando o ciclo de lavagem de dinheiro.