O que leva Paris a ser palco de roubos milionários com precisão quase cinematográfica? Neste domingo (19), a Galeria de Apolo, no Museu do Louvre, foi invadida em apenas sete minutos. Criminosos levaram joias históricas da monarquia francesa, incluindo um colar de esmeraldas e brincos dados por Napoleão à esposa Maria Luísa. A ação ocorreu de forma meticulosa e silenciosa, com os ladrões saindo pelo mesmo ponto de entrada, enquanto o museu estava aberto ao público.
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O assalto traz a tona a memória de outros crimes de alto perfil que marcaram a cidade e expõe uma pergunta que se repete: o que acontece em Paris para que ações deste nível se repitam ao longo do tempo?
Roubo no Louvre: saiba quais joias da realeza francesa avaliadas em milhões de euros foram levadas em ação de sete minutos
Ladrões usaram guindaste para invadir o museu e fugiram com as relíquias
Em outubro de 2016, a estrela de reality show Kim Kardashian foi alvo de um assalto em seu apartamento na capital francesa durante a Semana de Moda. Cinco homens mascarados, fingindo ser policiais, amarraram a influenciadora e fugiram com cerca de US$ 6 milhões em joias (cerca de R$ 33,9 milhões), incluindo um anel de diamante dado por Kanye West avaliado em 3,5 milhões de euros. Dez suspeitos foram julgados entre abril e maio de 2025, com penas de até três anos de prisão, mas nenhum voltou a ser encarcerado devido ao tempo já cumprido.
O caso foi descrito na época como “o roubo do século” e permanece como um marco da vulnerabilidade de residências de alto luxo na cidade, mesmo em áreas altamente vigiadas.
O Louvre já foi palco de outro roubo histórico: em 11 de agosto de 1911, Vincenzo Peruggia, ex-funcionário do museu, retirou a Mona Lisa do Salon Carré e a manteve escondida em seu apartamento por dois anos. Peruggia entrou vestido com uniforme antigo e aproveitou a rotina do museu, que frequentemente removia obras para conservação, para não ser notado.
O episódio não apenas abalou a confiança na segurança do Louvre, mas transformou a pintura de Leonardo da Vinci em ícone mundial. A investigação envolveu nomes conhecidos da época, como Pablo Picasso, e só terminou em 1913, quando a obra foi recuperada.
Assalto à joalheria Harry Winston
Em 4 de dezembro de 2008, quatro homens mascarados de mulheres invadiram a joalheria Harry Winston, na luxuosa Avenue Montaigne, e levaram € 80 milhões em joias (cerca de R$ 496 milhões). Armados e com conhecimento detalhado do local, ameaçaram funcionários e clientes sem disparar um tiro, mostrando planejamento e audácia. O crime evidenciou falhas em estabelecimentos de alto luxo e consolidou Paris como alvo de roubos sofisticados e lucrativos.
Os episódios apresentam padrões recorrentes: planejamento detalhado, conhecimento prévio dos locais, uso de disfarces ou uniformes e atuação rápida, muitas vezes em poucos minutos, e claro: a capital francesa como palco principal.
Mesmo com reforço de vigilância e alta tecnologia, a cidade continua a registrar crimes de grande valor, em locais de importância cultural ou econômica significativa. A sequência de assaltos recentes, incluindo o Louvre, evidencia que, para autoridades e instituições, a prevenção permanece um desafio complexo, que envolve coordenação entre segurança pública, privada e planejamento operacional.