O cantor Marlon Brendon Coelho Couto da Silva, o MC Poze, compareceu, nesta segunda-feira, à oitava reunião ordinária da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Câmeras da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj). Ele foi convocado por deputados para esclarecer as circunstâncias envolvendo o roubo e a rápida recuperação de seu veículo — uma Land Rover Defender blindada — em 19 de setembro, no Recreio dos Bandeirantes. Ao responder à pergunta do deputado Alexandre Knoploch (PL), presidente da CPI, sobre o porquê de o automóvel ter sido devolvido rapidamente, ele disse: “Meu carro apareceu porque eu sou o Poze do Rodo. Eu me acho uma pessoa foda, fenomenal”.
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— Eu sou mundialmente muito reconhecido. Tenho um Instagram com 16 milhões de pessoas e, por dia, mais de quatro milhões de pessoas me assistem nos stories todos os dias. Então, é óbvio, que quem me roubou, após ver toda a repercussão, não ficaria com o carro roubado. O carro é vermelho por dentro e por fora, é todo personalizado, tem meu nome nos bancos. Para mim, é obvio que, depois que eu postasse, ele iria aparecer. E ele não foi recuperado, foi largado. É meio óbvio ter sido devolvido, porque eu sou gigante — enfatizou Poze.
O cantor também aproveitou para alfinetar o deputado, que, em publicações nas redes sociais, já o chamou de “marginal”:
— Muitas pessoas gostam disso (da fama dele), e muitas pessoas discordam, inclusive o senhor, que deixou nítido nas redes sociais que eu sou um marginal. Então, eu acho que não tem porque eu ficar dialogando com uma pessoa que me acha uma coisa que eu não sou. O senhor sabe da minha profissão real, sabe que fui preso e que me soltaram porque não conseguiram provar nada. Eu sou artista, pai de cinco filhos — completou. Poze também enfatizou que discorda dos fãs que aproveitaram a convocação dele na CPI para ameaçar os parlamentares.
Em resposta, Knoploch confirmou que chamou o cantor de marginal e justificou o adjetivo devido a letras de músicas do artista:
— Eu não retiro o que disse. Músicas cantadas pelo senhor fazem apologia ao crime. Vivemos numa sociedade democrática, tem gente que gosta de funk, outras que gostam de gospel, mas eu acho que o que o senhor canta incentiva o crime. Admiro o senhor vir aqui falar o que o senhor tem vontade de falar, eu gosto de pessoa que é homem, chega e falar o que tem que falar e pronto. O caso do senhor (o roubo do Land Rover) aconteceu no momento temporal da CPI, por isso você foi chamado.
A participação de Poze na comissão durou 28 minutos e começou com a apresentação, pela advogada dele, de um habeas corpus assinado pela desembargadora Kátia Maria Amaral Jangutta, que permitia o cantor ficar em silêncio, caso assim preferisse. Após responder a primeira pergunta, ele assumiu esse direito e foi liberado pelos parlamentares.
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A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Câmeras da Assembleia Legislativa do Rio foi criada para investigar empresas de videomonitoramento, recuperadoras e associações de proteção veicular que podem estar lucrando com a escalada da violência no estado. Ela tem como presidente o deputado Alexandre Knoploch (PL) e como relator o deputado Filippe Poubel (PL). Participam também os parlamentares Rodrigo Amorim (União), Alan Lopes (PL), Sarah Poncio (SDD), Prof. Josemar (Psol) e Luis Paulo (PSD).
Até o momento, a CPI ouviu representantes de seguradoras e recuperadoras, e deputados foram à penitenciária de Gericinó, em Bangu, conversar com presos faccionados que respondem pelos crimes de roubo e clonagem de veículos.
Além disso, duas pessoas tiveram a prisão decretada, na reunião ordinária de 22 de setembro. Sérgio Belo David Fuerte, representante da associação de proteção veicular Rio Ben foi conduzido à delegacia por ter se negado a prestar depoimento; já Thiago Lima Menezes, presidente da Êxodus Benefícios, foi punido por falso testemunho. Ambos responderão aos processos em liberdade.