Rainha de bateria da Portela há nove anos, Bianca Monteiro definitivamente não chegou agora no carnaval carioca e sabe que, muitas vezes, tentaram arrancá-la de seu posto. No camarim da Cidade do Samba, durante um intervalo de sua atuação como uma das apresentadoras do Concurso Corte Real Carnaval 2026, promovido pela Riotur, ela não deixou de se posicionar sobre o que julga ser seu papel para além da Avenida.
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“Eu sou uma ativista do samba, não concordo com muita coisa. A gente respeita, mas a minha luta é para que tenha mais mulheres pretas à frente desse lugar, apresentando vários outros concursos e postos de destaque. Em tudo o que envolva carnaval, nós temos que ser a vitrine e a imagem desse grande espetáculo, porque é a nossa história, nossa herança, nossa ancestralidade”, defende Bianca.
Sem citar nomes ou mesmo fechar portas de forma radical, a rainha da Azul e Branco de Madureira reconhece que o carnaval é para todos, mas faz ressalvas sobre tantas celebridades nas agremiações ocupando postos de gente da comunidade:
“Tem lugares que elas podem ocupar, como destaque de carro, mas esse lugar do chão, tem que ser de alguém da comunidade. Não vamos lá ocupar o lugar delas. Então, não é para elas virem aqui ocupar o nosso”.
Rainha de bateria da Portela Bianca Monteiro brilhou durante ensaio teste de luz e som na Sapucaí
Eduardo Hollanda/ Riotur
Bianca explica ainda que, apesar de as rainhas de bateria de comunidade hoje serem minoria no Grupo Especial, elas formaram uma rede de apoio mútuo.
“Nós somos a resistência diária, eu, na Portela, há nove anos, e as outras meninas que são rainhas da comunidade. A gente se fortalece entre a gente. Todas trabalham muito, mas toda vez que posso, tento falar da Mayara Lima (Paraíso do Tuiuti), da Evelyn Bastos (Mangueira), da Lorena Raissa (Beija-Flor) … A gente tenta se apoiar, se encontrar, se fortalecer, porque esse espaço é nosso”, avisa.
Bianca Monteiro
Divulgação
Bianca ocupa ainda um posto de referência para outras mulheres, que, como ela, no início de sua carreira, sonham viver graças ao samba. Ao lado de Wilson Neto, o Rei Momo de 2022, ela apresenta o Concurso Corte Real Carnaval 2026, há quatro anos.
Bianca Monteiro com o presidente da Portela Junior Escafura
reprodução/ instagram
“A minha história começa na Corte do Carnaval. Em 2015 e 2016, fui princesa junto com o Wilson (Rei Momo, na época, e em quatro carnavais). E, aí, recebemos o convite de vir apresentar… A gente volta ao nosso tempo de concurso, relembra tudo que a vivemos aqui, o que conseguimos de oportunidade. Esse concurso transformou as nossas vidas. Ele tira uma menina da ala de passista e dá uma visibilidade mundial”, atesta ela, cuja experiência bem-sucedida quebra ainda vários paradigmas relacionados ao trabalho dos sambistas:
“Cansei de ouvir: ‘samba não é profissão’. E eu estou aqui apresentando o evento, e estou fazendo o que é? Toda a minha vida, tudo o que tenho veio através do samba, e, para muita gente aqui, todas as oportunidades que elas vão vir a ter virão do samba também”.
Bianca Monteiro, rainha de bateria da Portela no desfile de 2024
Alexandre Cassiano
Com informações da fonte
https://extra.globo.com/famosos/noticia/2025/10/rainha-de-bateria-da-portela-bianca-monteiro-fala-de-famosas-em-desfiles-nao-vamos-la-ocupar-o-lugar-delas.ghtml
Rainha de bateria da Portela, Bianca Monteiro fala de famosas em desfiles: 'Não vamos lá ocupar o lugar delas'

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