Em resposta às crescentes denúncias de bebidas alcoólicas adulteradas e ao risco de intoxicação por metanol, o Governo do Estado do Rio de Janeiro mobilizou uma força-tarefa inédita envolvendo Saúde, Segurança Pública e Defesa do Consumidor. A medida inclui a criação de uma Sala de Situação para monitorar casos suspeitos, uma operação policial de grande escala e o lançamento de uma cartilha educativa para orientar a população.
Sala de Situação e protocolo emergencial
A Secretaria de Estado de Saúde (SES-RJ) instalou uma Sala de Situação para coordenar ações de resposta rápida a possíveis casos de intoxicação por metanol — substância tóxica usada na adulteração clandestina de bebidas. O Instituto Estadual São Sebastião, na Gamboa, foi designado como referência para atendimento emergencial. Amostras de sangue serão analisadas pelo Lacen-RJ em parceria com a Unicamp, enquanto os produtos suspeitos serão enviados à Fiocruz.
“Estamos em alerta máximo. Antecipamos ações para proteger a população e apoiar os municípios nas fiscalizações. Lançamos uma cartilha para orientar sobre os riscos e sinais de adulteração”, declarou o governador Cláudio Castro.
Até o momento, não há casos confirmados no estado, mas um paciente com suspeita de intoxicação foi notificado em Niterói. Os sintomas incluem visão turva, dor gástrica e sinais de gastrite entre 12 e 24 horas após o consumo de álcool.
Crise do metanol vira guerra política e envolve até o PCC. Afinal, é seguro beber?
Operação policial apreende milhares de garrafas
No último sábado (04/10), a Polícia Civil deflagrou uma operação de combate à pirataria de bebidas, com 21 mandados de busca e apreensão na capital e na Baixada Fluminense. Milhares de garrafas com indícios de falsificação foram recolhidas. Seis pessoas foram conduzidas à delegacia e responderão por crimes contra as relações de consumo.
Desde o início da semana, mais de 30 estabelecimentos foram fiscalizados. Em bares e distribuidoras, agentes encontraram bebidas vencidas, armazenadas em condições insalubres e com lacres violados.
“Estamos agindo com rigor para impedir que produtos perigosos cheguem aos consumidores fluminenses”, reforçou o governador.
Projeto obriga hospitais a alertar polícia sobre intoxicação por metanol em até 24 horas
Cartilha educativa e pacto antipirataria
Como parte das ações preventivas, o Governo lançou uma cartilha em parceria com o Procon-RJ e a Associação Brasileira de Bebidas (ABRABE). O material ensina como identificar bebidas falsificadas — como erros de grafia, ausência de selo fiscal e preços muito abaixo do mercado — e será distribuído em locais de grande circulação.
Durante o lançamento, foi firmado um protocolo de intenções com a ABRABE, criando a primeira Agenda Antipirataria de Bebidas do país. O acordo prevê capacitação de fiscais, qualificação de denúncias e ações conjuntas para combater a adulteração.
“O combate à falsificação de bebidas é uma pauta de saúde pública e de defesa do consumidor”, afirmou o secretário Gutemberg Fonseca.
Alerta aos municípios
O Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde (CIEVS/SES-RJ) já emitiu alerta aos 92 municípios do estado. A SES-RJ prestará apoio técnico às prefeituras para garantir resposta rápida e eficaz.
A população deve ficar atenta aos sinais de adulteração e procurar atendimento médico ao menor sintoma. Denúncias podem ser feitas aos canais oficiais do Procon-RJ e da Secretaria de Defesa do Consumidor.
