Homens e jovens ganham espaço na revenda de produtos

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A venda direta — modelo em que revendedores oferecem produtos de marcas conhecidas sem loja física — foi associada, durante décadas, ao público feminino. Mas esse cenário está mudando: os homens representam cerca de 40% dos mais de três milhões de empreendedores que atuam em marcas ligadas à Associação Brasileira de Empresas de Vendas Diretas (Abevd).
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De acordo com a pesquisa, cerca de 55% dos revendedores apontaram a flexibilidade de horários como o principal motivo para ingressar na atividade. Já o desejo de ser o próprio chefe aparece em segundo lugar, mencionado por 54,4% dos entrevistados.
Para Roberto Kanter, professor da FGV e sócio da consultoria Canal Vertical, a presença masculina se explica por mudanças no próprio mercado de venda direta.
— O primeiro fator é a diversificação do portfólio: além de cosméticos, hoje temos suplementos, produtos de bem-estar, fitness, limpeza, utilidades e até serviços, como seguros. Isso atrai um perfil masculino mais amplo.
Entre os rostos masculinos desse mercado está Márcio Roberto de Oliveira, de 42 anos, enfermeiro de centro cirúrgico há 16. Casado e pai de Heitor, ele começou a revender produtos da Cacau Show em um momento de aperto financeiro, quando buscava alternativas para custear o atendimento terapêutico do filho, que é autista.
— Mesmo com mais de um emprego, eu não conseguia suprir todas as necessidades. Cheguei a ter que escolher entre pagar contas ou contratar o assistente terapêutico. A revenda entrou na minha vida num momento muito difícil e me ajudou a consegui manter minhas despesas — conta.
Márcio usa a internet como principal vitrine para os produtos que revende. A estratégia é simples e eficaz: ele posta com frequência, conhece bem os gostos dos clientes e aposta no relacionamento direto para gerar vendas. Ele também atua em pontos fixos, como no hospital onde trabalha e outros locais frequentados pela esposa. O negócio cresceu tanto que ele já reduziu a carga horária na enfermagem e pensa em diversificar:
— Eu já busco outras possibilidades. Quero trabalhar com multimarcas de cosméticos. Hoje só atuo na enfermagem à noite, então, tenho mais disponibilidade para investir na venda direta.
Marco Antônio Quintarelli, especialista em varejo, avalia que muitos homens enxergam na revenda uma alternativa aos empregos formais:
— Tem emprego disponível, mas muitos estão voltados a serviços de limpeza, vendas de loja, caixas de mercado. A ralação é muito maior.
Metade tem até 29 anos
Ismael Leão começou na venda direta aos 16 anos
Arquivo pessoal
Outro perfil ganha espaço na venda direta: os jovens de 18 a 29 anos já representam 49% dos revendedores no país, segundo a Abevd. Para muitos, a atividade funciona como uma porta de entrada rápida e de baixo custo para o empreendedorismo. Além disso, a flexibilidade de horário permite conciliar estudos e outros trabalhos.
Foi assim com Ismael Leão, hoje com 22 anos, revendedor da Hinode. Ele conheceu a venda direta aos 16, quando buscava uma vaga de jovem aprendiz.
A oportunidade surgiu por meio de um familiar e chamou sua atenção pelo potencial de ganhos, num momento em que a idade e a fase do alistamento militar dificultavam a entrada no mercado formal de trabalho.
— Vi que dava para ter ganhos bem maiores que um salário normal, chegando a 10, 20 ou até 30 mil reais por mês. E nessa idade é difícil conseguir emprego formal por causa do período do Exército — conta Ismael.
Dados da Federação Mundial das Associações de Vendas Diretas (WFDSA, na sigla em inglês) mostram que mais de 70% dos revendedores no mundo atuam no setor para complementar renda.
— É o “dinheiro da independência”, que ajuda a fechar as contas e dá mais autonomia financeira — explica o especialista Roberto Kanter.
Redes sociais e IA
A consultora Bia Souza alia recursos de redes sociais e aplicativo de inteligência artificial para ampliar as vendas de produtos
Arquivo pessoal
O uso de ferramentas digitais e de inteligência artificial (IA) tem transformado a rotina dos revendedores, tornando o trabalho mais ágil e estratégico. De acordo com a Abevd, 80% utilizam aplicativos de mensagens, como o WhatsApp, e 71% usam redes sociais para divulgar produtos e falar com consumidores.
O especialista Marco Antônio Quintarelli aponta que a popularização das redes sociais e do comércio eletrônico reduziu barreiras de entrada e facilitou a criação de novos canais de venda:
— Com a internet, qualquer pessoa pode criar o seu próprio canal e se estruturar com baixo ou sem custo.
Essa mudança se reflete no trabalho de revendedores como Bia Souza, de 30 anos, consultora de beleza e imagem da Mary Kay. Ela anuncia ofertas nos status do WhatsApp, além de utilizar o aplicativo Abacato para organizar o atendimento.
— O aplicativo manda mensagem no aniversário do cliente. Também avisa quando devo retomar o contato após a venda — explica.
Inscrições para revender
Cacau show
Para se tornar revendedor da Cacau Show é preciso ter mais de 18 anos ou apresentar comprovação de emancipação legal. O investimento inicial é, em média, de R$ 300 em produtos e kits da marca. As vendas são realizadas de forma autônoma, sem necessidade de análise de crédito. Os produtos podem ser pagos em dinheiro, cartão de débito ou crédito. O cadastro pode ser feito pelo site revendedor.cacaushow.com.br. Em seguida, o interessado deve comparecer a uma loja ou a um espaço de revendedor para efetivar o registro e obter informações sobre o funcionamento das vendas diretas.
Mary kay
O primeiro passo é encontrar uma consultora que será sua iniciadora. Caso não conheça nenhuma, é possível localizar profissionais próximas utilizando o Localizador de Consultora disponível no site oficial da marca. Em seguida, é necessário fazer o cadastro no site marykay.com.br. Para começar a revender, é obrigatório adquirir um kit inicial, no valor de R$ 57,90. É preciso ter 18 anos ou mais, ou ser maior de 16 com emancipação legal.
Royal Prestige
O cadastro para revender produtos da empresa, que atua no segmento de utensílios de cozinha, é gratuito e pode ser feito pelo site royalprestige.com/br. Após o registro, um distribuidor autorizado entra em contato para oferecer orientações e treinamento. Não é necessário fazer um investimento financeiro inicial nem a compra de estoque. A empresa fornece suporte e materiais para demonstrações dos produtos.



Com informações da fonte
https://extra.globo.com/economia/noticia/2025/10/homens-e-jovens-ganham-espaco-na-revenda-de-produtos.ghtml

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