negócios irregulares estimados em R$ 2 milhões são alvos de disputa entre tráfico e milícia

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Rio das Pedras: comunidade teve a primeira milícia do Rio — Foto: Custódio Coimbra / Agência O Globo


Berço de origem da milícia no Rio, a favela de Rio das Pedras, na Zona Sudoeste, tem 55 mil habitantes, de acordo com dados do Censo 2022, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A comunidade é a única do Itanhangá controlada por paramilitares. Outras como o Morro do Banco, Muzema e Tijuquinha já são dominadas pelo tráfico. Há mais de um ano, bandidos do Comando Vermelho(CV) tentam invadir o local. Os números ajudam a explicar a insistência do CV por sucessivas tentativas de tomada do território. Segundo estimativas feitas por policiais, a milícia arrecada cerca de R$ 2 milhões mensais em Rio das Pedras.

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  • Na Zona Sudoeste: ataque a tiros mata idosa e homem em Rio das Pedras; outras duas pessoas ficaram feridas

O dinheiro é fruto da exploração de negócios irregulares. Entre eles estão a venda de sinais clandestinos de internet e de tv a cabo, e a cobrança de taxas de segurança. A violência da disputa travada por traficantes e milicianos também atingiu quem vive na comunidade. Só em 2025, três moradores foram mortos após serem feridos por balas perdidas. O primeiro a morrer foi um porteiro. No dia 10 de maio último, ele voltava para casa quando foi atingido por um disparo, durante um confronto entre bandos rivais.

Morta por bala perdida, a aposentada Iraci Adelgado da Silva costumava ficar na rua conversando com os vizinhos — Foto: Reprodução

Nesta quinta-feira, uma camareira aposentada e um entregador foram baleados e não resistiram aos ferimentos. A principal linha de investigação da polícia é a de que traficantes do CV, vindos da Gardênia Azul, em Jacarepaguá, foram os autores do ataque. Eles estavam em um carro branco, por volta das 21h30, quando avistaram um suposto miliciano e fizeram vários disparos.

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Alvo do bando, o homem conseguiu fugir correndo, mas a aposentada Iraci Adelgado Silva, de 78, e o entregador Jorge Luiz dos Santos Reis, de 17, que estavam na Rua Nova, foram atingidos por balas perdidas e morreram. Segundo amigos, o rapaz trabalhava como montador de móveis durante o dia, e à noite, fazia bicos como entregador. A vítima estava saindo de casa quando foi baleada. Já Iraci foi ferida enquanto estava sentada conversando com vizinhos próxima à casa onde morava. Além deles, outras duas pessoas também foram feridas. Levadas para o Hospital Lourenço Jorge, uma delas já teve alta, enquanto a outra permanece internada. De acordo com moradores, ambas não tinham qualquer envolvimento com criminosos.

No dia 23 de novembro do ano passado, traficantes armados, e também vindos da Gardênia Azul, tentaram invadir Rio das Pedras. Na ocasião, houve forte tiroteio e dois homens morreram. Três dias depois, no dia 26, policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) foram mobilizados e se deslocaram até a comunidade. Na época, nove pessoas foram presas pelos agentes. Com o grupo, a polícia apreendeu, entre outras coisas, oito fuzis, 21 granadas, duas pistolas, 51 carregadores, munição, além de quatro rádios de comunicação.

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Os detidos seriam pessoas ligadas a uma milícia. O grupo estava escondido em uma casa localizada próxima a uma região de mata.

Segundo a polícia, a ordem para invadir territórios ocupados por bandos rivais, entre eles Rio das Pedras, foi dada por Edgard Alves de Andrade, o Doca. Com 34 mandados de prisão expedidos pela Justiça, o bandido é um dos integrantes da cúpula do CV e costuma usar o Complexo da Penha como esconderijo.

Já as três mortes ocorridas, em 2025, em Rio das Pedras, estão sendo investigadas pela Delegacia de Homicídios da Capital(DHC).



Com informações da fonte
https://oglobo.globo.com/rio/noticia/2025/10/04/rio-das-pedras-negocios-irregulares-estimados-em-r-2-milhoes-sao-alvos-de-disputa-entre-trafico-e-milicia.ghtml

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