Após sobreviver a 21 metástases, Alexander Marcellus fala sobre a importância da comida de verdade, inclusive para vencer a doença
Muito se fala sobre os alimentos e hábitos que podem favorecer o aparecimento de tumores, porém é preciso ecoar outro alerta que se faz necessário: os alimentos ultraprocessados podem dificultar o tratamento oncológico. Sim, esse tipo de alimentação deve ser evitado por quem faz quimio e radioterapia porque pode promover inflamação, aumento de obesidade, dificuldade na absorção de nutrientes e, ainda, agravar efeitos colaterais de todo o processo.
Alexander Marcellus sabe bem o que é isso, afinal, aos 14 anos, enfrentou um tumor no pâncreas sem sequer saber que era câncer. “Somente dez anos depois, já no terceiro ano da faculdade de nutrição da Unesp de Botucatu, recebi o diagnóstico real e devastador: aquele tumor era maligno e havia se transformado em 21 metástases no fígado”, relembra, emocionado. De acordo com o nutricionista, a notícia foi um choque porque, segundo os médicos da época, o tumor havia sumido do pâncreas, mas as metástases continuaram lá. A experiência de sobreviver a esse cenário extremo transformou não apenas sua vida pessoal, mas também sua carreira.
Hoje, aos 47 anos e pai de dois filhos, ele exerce a função de profissional de saúde e faz de sua história um exemplo, já que aprendeu como a alimentação correta durante o tratamento contra o câncer pode ser decisiva para se chegar à vitória. “O Ministério da Saúde, assim como outros órgãos regulamentadores, recomendam evitar ultraprocessados no período de tratamento contra o câncer. É preciso se conscientizar de que se faz necessária e essencial a comida de verdade e que as escolhas alimentares podem influenciar diretamente a saúde de pacientes oncológicos”, pontua.
Ultraprocessados: vilões escondidos na rotina
Curado, feliz e agora, mais certo do que nunca sobre o seu propósito de vida, Alexander Marcellus é categórico: “não existe ultraprocessado saudável para quem enfrenta o câncer. Alimentos cheios de aditivos, conservantes, óleos refinados, corantes e excesso de açúcar aumentam processos inflamatórios, comprometem o sistema imunológico e elevam o risco de novos tumores”.
Segundo ele, a base da alimentação deve ser a chamada “comida de verdade”, que é muito mais simples do que se imagina. “O correto é investir em frutas, legumes, verduras, carnes, ovos, grãos e preparações simples. Não adianta encher o carrinho de ultraprocessados e acreditar que um suco verde ou uma cápsula de suplemento vai equilibrar. Isso é uma ilusão que pode custar caro”, alerta.

Siga o canal da Jovem Pan News e receba as principais notícias no seu WhatsApp!
Com base em anos de experiência clínica e estudos, o nutricionista lista os principais enganos que rondam os pacientes oncológicos e faz dessa sequência um alerta máximo. Alexander Marcellus ressalta que a alimentação correta pode ser decisiva e é preciso que todos tenham consciência disso. “É óbvio que a alimentação correta não substitui o tratamento médico, mas ela é uma junção de força ao que está sendo empregado no organismo para combater o avanço da doença.”
Sua história pessoal, de quem sobreviveu a 21 metástases, traz legitimidade ao alerta. “O paciente oncológico precisa entender que informação confiável salva vidas. A comida certa fortalece. O ultraprocessado enfraquece e a fórmula é simples e direta, sem chance para errar ou pecar por não saber”.
De acordo com o especialista, todo cuidado é pouco. “Cúrcuma em cápsulas e chás como folha de amora, ipê roxo, melão de São Caetano e romã podem interferir no tratamento e até favorecer a progressão da doença. Suplementos sem orientação podem reduzir a eficácia dos medicamentos, sobrecarregar órgãos e estimular tumores”, ensina. E complementa: “Não há evidência de que carnes vermelhas, frango, peixe ou ovos causem câncer. Pelo contrário, são aliados na manutenção de imunidade e massa muscular durante o tratamento. Ainda, glúten e leite não causam câncer, mas seu consumo deve ser individualizado conforme orientação profissional”, finaliza.