Enquanto o governo federal alardeia investimentos no Sistema Único de Saúde (SUS), a realidade dos hospitais federais no Rio de Janeiro escancara um cenário de abandono institucional. Nesta quarta-feira (1º), a Comissão de Legislação Participativa da Câmara dos Deputados realiza audiência pública para debater o colapso dessas unidades, que enfrentam déficit de mais de 7 mil profissionais e estruturas em deterioração.
O debate, solicitado pelo deputado Glauber Braga (Psol-RJ), ocorre às 16h no plenário 3. Segundo o parlamentar, a última realização de concurso público para os hospitais federais foi em 2005. Desde então, a evasão de profissionais e o sucateamento orçamentário têm comprometido gravemente o atendimento à população. Entre 2018 e 2023, cerca de 1,6 mil servidores deixaram seus postos.
Emergências reabertas, mas sem ‘porta aberta’
Apesar de ações pontuais do Ministério da Saúde, como a reabertura de emergências em unidades como Bonsucesso, Andaraí e Cardoso Fontes, os serviços funcionam com restrições. A nova emergência do Hospital de Bonsucesso, por exemplo, não atende casos espontâneos — apenas pacientes regulados pelo Sisreg. Cartazes na entrada orientam quem passa mal a procurar uma UPA.
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Investimentos não resolvem gargalos
A reestruturação iniciada em 2024 trouxe aumento de recursos para quase todas as unidades, mas os problemas persistem: superlotação, greves, paralisações e resistência dos servidores às mudanças de gestão. O Hospital de Ipanema, único ainda sob controle direto do Ministério da Saúde, passa por obras de modernização, enquanto outras unidades foram municipalizadas ou entregues à gestão de estatais como a Ebserh e o Grupo Hospitalar Conceição.
Audiência busca soluções estruturais
“A audiência pública é indispensável para debater soluções estruturais e sustentáveis que garantam a reabilitação dos hospitais federais do Rio de Janeiro e o fortalecimento do SUS”, afirma Braga. Mas diante da falta de concursos, da fragmentação da gestão e da precarização dos serviços, o discurso oficial de fortalecimento da saúde pública parece cada vez mais distante da realidade enfrentada pelos fluminenses.
