Polícia Civil divulga vídeo de operação na Cidade de Deus que envolve bar de dançarino do grupo Os Hawaianos

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Gugu Hawaiano, integrante do grupo de funk Os Hawaianos — Foto: Reprodução


O dançarino Hugo, conhecido como Gugu Hawaiano, integrante do grupo de funk Os Hawaianos, teve seu bar utilizado como ponto de apreensão de drogas e armas durante uma operação da Coordenadoria de Recursos Especiais (CORE) na Cidade de Deus, Zona Sudoeste do Rio de Janeiro. O caso foi mostrado em vídeo divulgado na noite deste sábado pelas redes sociais da Polícia Civil.

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Segundo a corporação, durante a operação, os policiais foram atacados por criminosos armados. Parte do material ilícito foi localizada dentro do estabelecimento ligado ao dançarino. No vídeo, a Polícia Civil destaca que os suspeitos fugiram do confronto, mas o drone mostrou que, ao entrarem no bar, havia grande quantidade de entorpecentes.

A Polícia Civil afirmou que o bar funcionava como ponto de venda de entorpecentes e reforçou que a ação ocorreu em meio a ataques com armas de fogo por parte de criminosos.

Veja momento em que Gugu Hawaiano é levado pela polícia

O vídeo divulgado mostra imagens do drone sobre a comunidade e as apreensões feitas pelos policiais. A Polícia Civil destacou no post que acompanha o vídeo:

“Enquanto alguns tentam transformar criminoso em vítima, a Polícia Civil RJ mostra os fatos: na Cidade de Deus, a CORE avançou sob fogo pesado, apreendeu drogas e desmascarou a mentira. Porque a verdade sempre aparece. E o lado do bem sempre vence.”

No texto narrado no vídeo, a corporação acrescenta:

“Mentira tem perna curta e, na Cidade de Deus, a verdade apareceu do alto. Enquanto policiais eram atacados com arma de guerra, os traficantes fugiam e adivinhem para onde? Para dentro do bar. O drone mostra: entraram sem drogas, mas dentro havia grande quantidade de drogas. Era ali a boca de fumo, e o dono do bar, integrante do Bonde dos Havaianos, fingia ser artista perseguido, quando na verdade o estabelecimento funcionava como ponto de venda de entorpecentes. Ele fala em injustiça, mas foi preso por tráfico, violência doméstica e agora flagrado com ligação a criminosos armados. O passado e as provas não mentem. Enquanto alguns tentam transformar criminosos em vítimas, a Polícia Civil mostra os fatos, a CORE avança, o crime recua, porque a mentira cai e o lado do bem sempre vence.”

Comissão da Alerj atende Gugu Hawaiano

Na terça-feira, a Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) atendeu o dançarino Gugu Hawaiano, que relatou ter sido brutalmente espancado por policiais durante uma operação da Core, na Cidade de Deus, na último dia 19. Gugu contou que recebeu socos no rosto, chutes na costela, foi ameaçado e acabou levando cinco pontos no rosto após a violência, praticada na frente de sua família. Ele chegou a ser detido e liberado em seguida. Na ocasião, a CDDHC informou que “vai oficiar a Polícia Civil e o Ministério Público para a devida apuração do caso, solicitando ao MP que peça acesso às imagens das câmeras corporais dos agentes envolvidos na ação e encaminhe o episódio para controle de atividade policial.”

Segundo o artista, os agentes o julgaram como criminoso apenas pelo fato de ter o cabelo tingido de vermelho; visual que Gugu mantém desde os anos 2000 e que se tornou sua marca registrada.

“É um absurdo que um trabalhador da cultura tenha sido vítima de violência dessa gravidade, em plena luz do dia, diante da própria família e da comunidade. Essa operação aconteceu em horário escolar, quando havia crianças e famílias nas ruas, o que torna ainda mais urgente a apuração. O Ministério Público precisa exercer essa investigação, sobretudo à luz da ADPF 635, que estabelece parâmetros para evitar abusos e proteger vidas. Nossos encaminhamentos são fundamentais para garantir justiça e acolhimento, não apenas ao Gugu, mas a todos que sofrem com a truculência policial”, afirmou a presidenta da CDDHC, deputada Dani Monteiro, na última terça-feira.

Além das agressões, Gugu relatou que já vem sofrendo com revitimização após o episódio: contratantes estão diminuindo o valor dos cachês do grupo, o que afeta não apenas sua carreira, mas também a de seus parceiros de banda.

A CDDHC afirmou que acompanhará o caso até que todas as providências sejam tomadas e os responsáveis devidamente responsabilizados.

Um vídeo que circula nas redes sociais mostra Gugu algemado, com o rosto ensanguentado, sendo puxado pelo braço por um agente em uma viela da comunidade. Nas imagens, a esposa do dançarino aparece chorando. A gravação também mostra a fachada de uma uisqueria da qual o artista seria dono na região.

“Olha o que eles fazem com o trabalhador. Isso é maior covardia. Seus covardes. Vocês só vêm aqui pra fazer covardia. Vocês esculacharam trabalhador”, protesta uma moradora, que aparece no vídeo.

Amigos do dançarino também se manifestaram. O coreógrafo e professor Jonas Emanuel, que integra o grupo Os Hawaianos, afirmou que a abordagem foi violenta e desnecessária:

“Eu trabalho com ele. Ele não é traficante. É artista da dança e tem uma uisqueria dentro da comunidade. Os policiais entraram, bateram no amigo na frente da família. Desfiguraram o rosto do cara, que trabalha com a imagem. Tudo isso na frente da família. Pra quê? Tô muito triste”, disse.

Criado na Cidade de Deus, o grupo os Hawaianos fez sucesso no cenário do funk carioca nos anos 2000, sobretudo por suas apresentações promovidas pela produtora e gravadora Furacão 2000. O coletivo ficou sem atividade por mais de uma década, mas voltou em 2022, emplacando o hit “Desenrola, bate, joga de ladin”.



Com informações da fonte
https://oglobo.globo.com/rio/noticia/2025/09/28/policia-civil-divulga-video-de-operacao-na-cidade-de-deus-que-envolve-bar-de-dancarino-do-grupo-os-hawaianos.ghtml

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