Inaugurado em 14 de julho de 1909 — não por acaso o aniversário de 120 anos da Queda da Bastilha — o Theatro Municipal do Rio de Janeiro é inspirado no Palais Garnier e um dos marcos da reforma urbana capitaneada pelo então prefeito Pereira Passos (1836-1913). O objetivo de tanta mudança era ‘civilizar’ a maior cidade do país, a exemplo do que já tinha acontecido na capital francesa algum tempo antes.
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Até a década de 1930, quando passou a contar com corpo artístico próprio, era comum que a instituição carioca recebesse companhias europeias para apresentações. Esse antigo hábito será retomado no dia 11 de outubro, em que cerca de trinta cantores líricos de diversas partes do mundo e formados na Ópera de Paris desembarcam no Galeão para o concerto Bizet e Seus Contemporâneos, com músicos do Theatro Municipal. A regência será de Felipe Prazeres, rosto familiar ao público. “É uma invasão artística no melhor sentido, porque promove a troca. Sinto que vou aprender muito”, afirma o maestro. Jovens artistas brasileiros em fase de profissionalização vão poder participar de masterclasses de canto, violoncelo e dança.

Trazer a companhia parisiense de volta ao Brasil após 23 anos exigiu meses de negociação. O primeiro contato partiu da França, por meio de um ex-funcionário do Municipal que hoje integra a instituição sediada no Palais Garnier. “Construímos o projeto a muitas mãos, unindo a expertise das duas casas. Esse espetáculo significa resgate, memória e colaboração”, resume Clara Paulino, presidente da Fundação Theatro Municipal.
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Todo o esforço deu frutos, e o concerto que marca o 150º aniversário da morte de Georges Bizet (1838-1875), compositor de Carmen, será o principal destaque da programação do Ano do Brasil na França e da França no Brasil, série que comemora dois séculos de relações diplomáticas entre os dois países. “O Rio, com sua identidade única e alta projeção internacional, é uma vitrine privilegiada para mostrar o dinamismo do Brasil atual. Essa visibilidade ajuda a reforçar a imagem cultural do país no exterior, mas também atrai o público, os produtores culturais e artistas franceses para o Brasil, estimulando trocas e parcerias artísticas e institucionais”, descreve o cônsul-geral da França no Rio, Eric Tallon.
A agenda multicultural começou no primeiro semestre, com espetáculos brasileiros na apresentados na França. Por aqui, a programação começou na Flip, em julho, e chegou à capital fluminense com os festivais Dança em Trânsito e FotoRio. Dezenas de eventos franco-brasileiros, calcados em três eixos temáticos — transição climática e ecológica, democracia e diversidade — acontecem na cidade até o final do ano (veja mais no box).

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A França e o Brasil, assim como o Rio e Paris, compartilham uma longa história de cooperação cultural, científica e econômica. “Tudo começou no século XVI, com a França Antártica na Baía de Guanabara”, lembra a historiadora Mônica Lessa, da Uerj. No século XIX, o francês se consolidou como língua da Corte, a Missão Artística trouxe pintores e arquitetos que ajudaram a moldar instituições culturais. A Belle Époque Tropical, inclusive, deixou várias marcas na arquitetura e gastronomia. Clara Paulino, presidente do Theatro Municipal, está confiante de que o concerto não será um evento pontual, mas o primeiro passo de uma extensa agenda internacional. “Já prevemos novas colaborações até 2027”, adianta. É o tipo de intercâmbio em que todos ganham.
Com informações da fonte
https://vejario.abril.com.br/programe-se/temporada-brasil-franca/