A polícia da Noruega anunciou nesta quinta-feira que, um dia antes, apreendeu um drone operado por um homem de nacionalidade estrangeira próximo ao aeroporto internacional de Oslo, em um contexto de aumento de incidentes desse tipo na Escandinávia. O homem, de aproximadamente 50 anos, controlou o drone em uma área proibida, embora sem afetar o tráfego aéreo.
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Segundo Lisa Mari Løkke, funcionária da polícia regional, o homem não foi preso, mas será interrogado. A nacionalidade dele não foi revelada.
— Na quarta-feira, por volta das 21 horas, a polícia foi informada de que um drone havia invadido a zona de proibição de sobrevoo do aeroporto de Oslo — explicou a funcionária: — Quando chegamos ao local, encontramos um homem de cerca de 50 anos pilotando o drone.
A polícia o fez aterrissar e confiscou o aparelho.
O episódio ocorre após a detecção, nesta semana, de drones que afetaram o tráfego aéreo em aeroportos dinamarqueses, sobretudo em Copenhague, bem como no de Oslo. Por enquando, segundo Løkke, não se vê “nenhum vínculo” entre estes incidentes.
Na Dinamarca, drones de origem desconhecida sobrevoaram aeroportos civis e militares pela segunda vez nesta semana, em uma operação que o Ministério da Defesa denunciou como “sistemática” e causada por um “ator profissional”.
O secretário-geral da OTAN, Mark Rutte, afirmou que a Aliança leva “muito a sério” o incidente com drones reportado na quinta-feira neste país membro e disse estar trabalhando para garantir a segurança desse tipo de infraestrutura.
Os aparelhos foram avistados sobre os terminais aéreos de Aalborg (norte), Esbjerg (oeste), Sønderborg (sul) e a base aérea militar de Skrydstrup (sul), antes de se afastarem por conta própria, segundo a polícia.
Na segunda-feira à noite, drones não identificados já haviam sido detectados sobre o aeroporto da capital, Copenhague, assim como no de Oslo, o que obrigou a bloquear o tráfego aéreo por várias horas.
Rússia nega envolvimento
A Rússia rejeitou “firmemente” qualquer envolvimento no ocorrido, e sua embaixada em Copenhague denunciou uma “provocação orquestrada”. Esses incidentes ocorrem após incursões de drones russos na Polônia e Romênia e de caças de Moscou no espaço aéreo da Estônia, embora as autoridades dinamarquesas e europeias ainda não tenham estabelecido nenhuma relação entre esses episódios.
No último fim de semana, outros aeroportos europeus, especialmente os de Bruxelas, Londres, Berlim e Dublin, foram afetados por um ataque cibernético de origem ainda não revelada.
— Não há dúvida de que tudo indica que se trata da ação de um ator profissional, quando falamos de uma operação tão sistemática em tantos lugares e praticamente ao mesmo tempo — disse o ministro da Defesa, Troels Lund Poulsen, em coletiva de imprensa.
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Já o ministro da Justiça, Peter Hummelgaard, afirma que “o objetivo desse tipo de ataque híbrido é semear o medo, criar divisão e nos assustar”.
Durante os recentes sobrevoos, o aeroporto de Aalborg, no norte da Dinamarca, foi fechado por várias horas. A polícia e o exército decidiram não derrubar os drones, principalmente por razões de segurança civil, indicou o chefe do Estado-Maior do Exército, Michael Hyldgaard. “Também não foram detidos os operadores” dos drones, indicou a polícia local. A força policial acrescentou que os drones “voavam com luzes e foram vistos do solo”, mas não foi possível determinar o tipo de aparelho nem o motivo do sobrevoo.
A polícia dinamarquesa abriu investigação em colaboração com os serviços de inteligência e o exército, com o objetivo de “esclarecer as circunstâncias” desses incidentes. Após o sobrevoo de drones em Copenhague, a primeira-ministra dinamarquesa, Mette Frederiksen, denunciou o “ataque mais grave contra uma infraestrutura crítica” do país e afirmou que “não excluía” a possibilidade de envolvimento da Rússia.
— Isso se insere na evolução que temos observado recentemente com outros ataques de drones, violações do espaço aéreo e ataques cibernéticos contra aeroportos europeus — disse, referindo-se às recentes intrusões na Polônia, Romênia e Estônia.
Esses episódios ocorrem uma semana depois de a Dinamarca anunciar a aquisição, pela primeira vez, de armas de precisão de longo alcance, considerando que a Rússia representará uma ameaça “por anos”.