O presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), Rodrigo Bacellar (União), um pronunciamento incisivo sobre a escalada da violência na capital fluminense, após os episódios de arrastões e vandalismo registrados no último fim de semana. O deputado mirou diretamente no governador Cláudio Castro (PL), no secretário da Polícia Militar, coronel Marcelo de Menezes, e no prefeito Eduardo Paes (PSD).
Em tom crítico, Bacellar recordou o histórico de violência na orla de Copacabana, onde morou por quase oito anos.
“Até o mais cego dos cegos sabe que, do pôr do sol em diante, da Praça do Lido até a Princesa Isabel, chegando no Rio Sul, é o ponto mais traumático da cidade, onde menores cometem todo tipo de atrocidade”, afirmou.
O presidente da Alerj também agradeceu a aprovação de seu pacote de medidas para reforçar a segurança e disse que pretende levar ao presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), propostas de mudanças na legislação. Em seguida, endureceu o tom.
“Não cabe mais ver carro do Segurança Presente com policial no celular. Minha crítica vai ao comandante-geral da PM, que só aparece ao lado do governador. Tira essa farda cheia de estrelas e vai para a rua no fim de semana. O boi só engorda com o olho do dono. O comandante tem que dar exemplo”, disparou.
Bacellar também cobrou publicamente o governador, com quem está em rota de colisão há mais de três meses.
“Até agora não vi uma nota do governo, nem da polícia. Hoje é terça-feira, três da tarde, e o silêncio continua. E as cenas se repetem sempre”, criticou.
Eduardo Paes, adversário de Bacellar na disputa pelo governo estadual em 2026, também não escapou.
“O pior é a omissão da prefeitura. Já falei: eleição é só no ano que vem. Enquanto isso, o trabalhador que junta suas economias para vender cerveja ou camarão na praia apanha da tropa de choque municipal. Quando poderia haver parceria com o estado para reforçar a segurança nas saídas das praias do Rio — em Ipanema, Leblon, Copacabana, Leme, Barra, Recreio. É possível, se houver vontade”, afirmou.
No encerramento, Bacellar mandou um recado direto às lideranças políticas. “Quem pensa que estou preocupado em ser candidato se engana. Eu não tenho vaidade de cargo. O dia que isso me prender, volto para a advocacia. Meu silêncio está no limite. Porque, não sei vocês, mas eu tenho vergonha na cara e sou cobrado todos os dias”, concluiu.