— Ele não confessou às autoridades. Ele não está cooperando, mas, todas as pessoas ao seu redor estão cooperando. E eu acho que isso é muito importante — disse Spencer Cox, em entrevista à rede ABC News neste domingo.
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Cox se referia a Tyler Robinson, o homem de 22 anos que foi preso cerca de 30 horas depois de um disparo matar o influenciador Charlie Kirk no campus da Universidade Utah Valley, na quarta-feira. Na ocasião, Kirk fazia uma sessão de perguntas e respostas com estudantes, quando foi baleado no pescoço e morreu pouco depois no hospital. Segundo as primeiras informações, um rilfe foi usado no ataque, e o disparo foi realizado de um prédio próximo.
Após uma intensa operação de busca, e uma série de falhas de comunicação entre as autoridades locais e federais, Robinson foi capturado. Agentes do FBI, a polícia federal americana, disseram que o homem havia confessado o crime ao pai, que então procurou um amigo da família, um membro do clero, que ajudou as autoridades. Após o crime, foi anunciada uma recompensa de US$ 100 mil por informações que pudessem levar à captura.
Segundo uma reportagem do New York Times, publicada neste domingo, o suspeito conversou sobre o caso com outras pessoas na plataforma Discord, e chegou a fazer piadas com comentários sobre sua semelhança com a pessoa das fotos distribuídas pelas autoridades. Em comunicado, o Discord afirmou ter identificado uma conta associada ao suspeito, mas não encontrou evidências de que o ataque foi planejado na plataforma.
— Tudo o que podemos confirmar é que essas conversas realmente aconteceram, e eles não acreditaram que era ele mesmo. Era tudo brincadeira, até que ele, sabe, até que ele admitiu que era ele mesmo — disse o governador à ABC.
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Ao longo do fim de semana, Cox fez especulações envolvendo as visões políticas do suspeito e citou um suposto relacionamento dele com uma pessoa que estava passando por transição de gênero, mas reconheceu que as informações são preliminares, e que vieram de amigos e parentes de Robinson.
— Certamente haverá muito mais informações divulgadas nos documentos de acusação à medida que eles reúnem tudo isso — completou.
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Em comunicado à rede CNN, o escritório do xerife do condado de Utah, onde Robinson está detido, afirmou que o suspeito foi levado a uma unidade especial de vigilância, onde permanecerá até que uma avaliação de seu estado mental seja concluída.
“Após ser liberado pela saúde mental, ele passará pelo nosso processo de classificação para determinar a área de moradia apropriada”, diz o texto. “Ele continuará sendo monitorado pela equipe de saúde mental, médica e de custódia durante toda a sua estadia.”
Na terça-feira, Robinson participará, de forma virtual, de uma sessão na qual ouvirá as acusações contra ele. O presidente Donald Trump disse esperar que os promotores locais peçam a pena de morte, e representantes do Departamento de Justiça não descartam apresentar acusações na esfera federal, também em busca da pena capital.
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De acordo com o New York Times, o governo Trump pediu, na semana passada, que o Congresso libere uma verba emergencial de US$ 58 milhões para incrementar a segurança da Suprema Corte, em mais um sinal da preocupação das autoridades federais com o aumento de casos de violência política no país. A verba, afirma o jornal, estaria disponível para ser usada até 2027. Desde o ataque, políticos têm feito pedidos para o apaziguamento do país, assim como o reforço de medidas de segurança contra novos ataques.
— As pessoas precisam parar de enquadrar simples divergências políticas em termos de ameaças existenciais à nossa democracia — disse o presidente da Câmara, Mike Johnson, em entrevista à Fox News. — Não se pode chamar o outro lado de fascista e inimigo do Estado e não entender que existem pessoas perturbadas em nossa sociedade que interpretarão isso como um sinal para agir.