Garis estão mostrando que cuidar da cidade do Rio vai além da vassoura e da pá. Entre vassouras e caminhões de lixo do trabalho de garis da Comlurb, eles descobriram que os pincéis também podiam transformar a cidade.
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Murilo Lemos, 37 anos, de Rocha Miranda, é um dos exemplos de como a arte pode nascer do inesperado. Como já carregava a paixão pela arte antes mesmo de entrar na Comlurb, ele viu a oportunidade de levar seu talento para dentro da empresa. O primeiro passo foi dentro da gerência companhia, quando ainda atuava como gari, com desenhos que retratavam caminhões de coleta. A experiência abriu portas para algo maior: pintar espaços públicos.
Em 2016, Murilo foi chamado para fazer murais em ruas e praças, dessa vez com mensagens sobre descarte correto do lixo. Com o tempo, decidiu ampliar o olhar.
— Não retrato o lixo, mas sim a rotina da comunidade. Já pintei crianças brincando e lendo. Sempre aparece alguém elogiando — conta.
Já o ex-gari Elderlan de Matos, de 46 anos, morador de Belford Roxo, herdou do pai a habilidade de desenhar letreiros e paisagens. Depois de mais de duas décadas na Comlurb, ele viu na pintura uma ferramenta de conscientização contra o descarte irregular de resíduos e entulhos em áreas públicas.
— Tem muitos pontos críticos em que a população joga lixo no lugar errado. Para inibir esse hábito, tivemos a ideia de usar a arte nesses locais.
No início, o trabalho com os pincéis gerava desconfiança entre moradores, que não acreditavam ver garis assumindo o papel de artistas.
— A gente chegava para trabalhar e o pessoal olhava com desconfiança. Eles pensavam que só sabíamos varrer rua. Aí que eu botava o uniforme para mostrar que gari também sabe fazer arte — conta.
Hoje, eles são pintores da Comlurb, com artes em comunidades como Cidade de Deus, Vigário Geral e Penha.
Arte em espaço de descarte de lixo
O trabalho dos pintores tem se destacado especialmente nos ecopontos, equipamentos criados pela prefeitura em 2022 para combater o descarte irregular de resíduos. Esses locais recebem diariamente, das 6h às 18h, móveis velhos, eletrodomésticos, entulho e lixo domiciliar.
Cada ecoponto conta com caixas específicas para cada tipo de material e já ajudou a reduzir em cerca de 10% o volume de resíduos jogados nas ruas, segundo a Comlurb. A capacidade de coleta chega a 2.500 toneladas por dia.
Na comunidade Parque Proletário, no Complexo da Penha, um desses ecopontos ganhou vida nova com a arte de Murilo e Elderlan. Nas paredes do espaço, Murilo e Elderlan retrataram a Igreja da Penha e elementos da paisagem local. O resultado é mais do que um ponto de descarte organizado: virou também um lugar de referência para os moradores.
— Conseguimos transformar um ponto de descarte irregular em um espaço organizado e que se transformou em um ponto de atração. A utilização das cores e das artes reforça o sentimento de pertencimento, o cuidado com o lugar onde se vive e motiva a população a descartar seus resíduos de forma correta — afirma Marlí Peçanha, subprefeita dos Grandes Complexos.
Com informações da fonte
https://extra.globo.com/blogs/corre-de-cria/post/2025/09/conheca-ex-garis-que-viraram-pintores-com-trabalho-artistico-em-areas-de-descarte-de-lixo-em-comunidades.ghtml
Conheça ex-garis que viraram pintores com trabalho artístico em áreas de descarte de lixo em comunidades
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