Em 1957, o 1º Festival de Teatros Amadores do Brasil marcou a estreia de O Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna (1927-2014), no Sudeste. A montagem conquistou três prêmios e, posteriormente, tornou-se um fenômeno do cinema.
Entre 1978 e 1990, o Mambembão atraiu companhias do país inteiro e, de 1994 a 2015, o Festival de Teatro Cidade do Rio de Janeiro promoveu o Prêmio Arlequim, em que a peça vencedora ficava um mês em cartaz.
Desde a flexibilização das medidas sanitárias adotadas nos tempos de quarentena, o teatro vive um boom na cidade. A pesquisa Cultura Nas Capitais, publicada em abril, mostra que, enquanto a média nacional de pessoas que foram ao teatro pelo menos uma vez nos últimos doze meses é de 25%, no Rio o número é de 32%.
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Atentos ao momento, o Instituto Evoé e a produtora Aventura criaram o 1º Festival de Teatro do Rio de Janeiro, que ocorre entre 7 de outubro e 2 de novembro. “Depois de tantos anos sem um grande festival na cidade, essa iniciativa é das mais importantes, e estou honrado em apresentar o monólogo Não Me Entrego, Não!, espetáculo que tantas alegrias vem me dando”, comenta o ator Othon Bastos.
A aposta se mostrou certeira: algumas peças tiveram seus ingressos esgotados um mês antes da data de encenação – o que já garantiu uma segunda edição em 2026. Com duração extensa, o evento alça o teatro a um patamar pop. “O teatro tem uma energia que só existe ao vivo e se consolidou como uma atividade prazerosa. A nossa ideia se assemelha aos grandes festivais de música pela quantidade e a qualidade das atrações, mas se diferencia porque teremos peças durante toda a semana”, compara Aniela Jordan, sócia da Aventura.
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Além dos espetáculos, que serão apresentados no Teatro Riachuelo, na Cinelândia, a programação conta com uma série de debates, oficinas e um curso sobre Nelson Rodrigues gratuitos, que serão realizados no Adolpho Bloch, na Glória, reunindo companhias, atores e teóricos.
“Podemos esperar uma troca de experiências e saberes, além de discussões sobre diversidade, acessibilidade, inovação e o papel das artes cênicas na sociedade. Queremos trazer o olhar para além da cena, mostrando os bastidores do fazer teatral”, explica Maria Siman, curadora do festival.
Montagens que lotaram plateias no Rio, a exemplo de Prima Facie, com Débora Falabella, e Macacos, monólogo de Clayton Nascimento, integram a programação, que também inclui a estreia carioca de Cenas da Menopausa, protagonizada por Cláudia Raia. Há, ainda, os solos O Figurante, de Mateus Solano, Parem de Falar Mal da Rotina, com Elisa Lucinda, e King Kong Fran, criado e encenado por Rafaela Azevedo, além de Ao Vivo [Dentro da Cabeça de Alguém], com Renata Sorrah e a Cia Brasileira, Tom na Fazenda, Brás Cubas e Ficções, estrelada por Vera Holtz.

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A peça mais esperada pelo público é O Céu da Língua, de Gregório Duvivier. Assistido por mais de 120 000 pessoas desde a estreia, em novembro do ano passado, o espetáculo teve suas quatro sessões previstas para o evento esgotadas, assim como duas abertas posteriormente. Até o fechamento desta edição, ainda existiam ingressos para uma terceira sessão extra.
“Um festival é uma pororoca, um encontro de maneiras diferentes de se fazer e pensar teatro. O carioca gosta de celebrar sua cultura através da festa. Tenho a impressão de que, desde o fim da pandemia, as pessoas têm gostado muito de eventos presenciais, e o teatro é a arte mais presencial de todas”, opina Duvivier. É, definitivamente, tempo de teatro no Rio.
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Abrem-se as cortinas
Com programação estrelada, o festival e os números
22 000 espectadores aguardados
200 pessoas envolvidas na produção
4 peças – Prima Facie, Macacos, O Céu da Língua e King Kong Fran já esgotadas
12 espetáculos de 7 de outubro a 2 de novembro
22 sessões no Teatro Riachuelo