Contingente de baixa renda caiu 20%

O Bolsa Família também desempenhou papel relevante nesse cenário –
Cerca de 14 milhões de brasileiros superaram a linha da pobreza nos últimos dois anos, segundo dados recentes do Cadastro Único (CadÚnico). O movimento reflete um cenário de baixa taxa de desemprego, aumento da renda das famílias e maior precisão nas informações sociais, resultado da integração com o Cadastro Nacional de Informações Sociais (CNIS).
Em março de 2023, o Brasil contabilizava 26 milhões de famílias em situação de pobreza. Em agosto deste ano, o número caiu para 19,5 milhões, uma redução de 25%, menos da metade dos 41,1 milhões de domicílios inscritos no programa. Além disso, o contingente de baixa renda caiu 20%, enquanto o grupo com renda acima de meio salário mínimo por integrante aumentou 67%.
A melhora está fortemente associada ao aquecimento do mercado de trabalho. O Brasil registrou, no segundo trimestre de 2025, a menor taxa de desemprego da série histórica, 5,8%, segundo o IBGE. “Há um boom trabalhista na metade mais pobre do país. É um crescimento com mais fermento para os mais pobres, o que significa redução de desigualdade”, afirmou Marcelo Neri, diretor da FGV Social, em entrevista a O Globo. Ele destacou ainda que a renda da metade mais pobre cresceu 19% em termos reais nos últimos dois anos, enquanto os 10% mais ricos viram um aumento de 11,6%.
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Outro fator central foi a atualização e cruzamento de dados do CadÚnico. Desde 2023, sete ações de integração atualizaram informações de renda de 33 milhões de pessoas. O secretário de Avaliação do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), Rafael Osório, afirmou que o avanço reflete não apenas a melhoria de vida da população, mas também a maior precisão das bases: “Não estaríamos vendo esse resultado refletido no Cadastro como hoje se não fosse a integração de dados”.
O Bolsa Família também desempenhou papel relevante nesse cenário. O programa, que voltou a ter esse nome em 2023, aumentou seu orçamento de R$ 113,5 bilhões em 2022 (quando ainda se chamava Auxílio Brasil) para R$ 166,9 bilhões em 2023, com previsão de R$ 159,5 bilhões em 2025. A chamada regra de proteção garante que famílias que ultrapassem a renda per capita de R$ 218 continuem recebendo metade do benefício por um período. O prazo, que era de dois anos, foi encurtado para um, agilizando a saída de famílias em processo de ascensão social e permitindo que os recursos sejam concentrados nos mais vulneráveis.
Com isso, o número de domicílios nessa faixa caiu de 3 milhões no início de 2023 para 1,6 milhão em 2025. Mais de 1,4 milhão de famílias deixaram definitivamente de depender do programa nesse período. Apesar dos avanços, especialistas apontam que o desafio é sustentar esse ritmo. O orçamento do Bolsa Família, por exemplo, não caiu na mesma proporção da redução da pobreza, o que indica que a transição exige monitoramento constante.