Acusado de aplicar golpes contra frequentadoras do Clube Paulistano, que perderam mais de R$ 600 mil, o empresário César Mattar foi preso na manhã da última segunda-feira em Santos, no litoral, em cumprimento a um mandado de prisão preventiva expedido pela 2ª Vara Federal Criminal de São Paulo. Aos 70 anos, ele se tornou alvo das autoridades por uma série de crimes ligados a estelionato e fraudes financeiras. O mandado, assinado pela juíza Michelle Camini Mickelberg, destaca que sua prisão é necessária para garantir a ordem pública diante do risco concreto de reincidência.
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O documento sustenta que Mattar tem na prática de golpes o seu meio de vida. Investigações apontam que ele protagoniza fraudes desde 1978, quando tinha 26 anos, o que significa quase meio século de atuação criminosa. Nesse período, acumulou condenações, fugas da prisão e uma série de investidas contra mulheres maduras e financeiramente independentes, explorando a confiança conquistada em relacionamentos amorosos e negócios fictícios.
A decisão destaca ainda que ele já havia sido condenado, em 2018, por estelionato. E mais: mesmo após o início de uma ação penal que apura fraudes em financiamento veicular, continuou a cometer delitos semelhantes. Um inquérito policial de 2024 apontou novas investidas de Mattar, confirmando sua persistência na prática criminosa. Para a magistrada, medidas alternativas, como restrições impostas pelo Código de Processo Penal, não seriam suficientes para impedir que ele voltasse a delinquir.
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No momento da prisão, César Mattar foi encontrado deitado em casa, no bairro do Campo Grande, em Santos. Policiais da Delegacia de Investigações Gerais cumpriram a ordem judicial na presença da filha do alvo, que acompanhou todo o procedimento. Segundo informações prestadas por familiares, o empresário não ofereceu qualquer resistência porque estaria “muito doente”, afirma um parente. “Ele mal consegue ficar de pé”, disse.
Para tentar relaxar a prisão de Mattar, a filha dele relatou às autoridades que o pai sofre de diversas comorbidades. Entre elas, problemas cardíacos, sequelas de um acidente vascular cerebral e uma doença grave no sangue. Diante desse quadro, a família pediu cuidados ao seu estado de saúde durante a custódia. Mesmo com tais alegações, a Justiça entendeu que sua condição física não o isentava do cumprimento da ordem judicial.
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Após ser levado à delegacia, Mattar passou a noite na carceragem e, nesta terça-feira, compareceu à audiência de custódia. O juiz de plantão homologou a prisão, e ele foi transferido para a Penitenciária de São Vicente, onde permanecerá à disposição da Justiça Federal. O Ministério Público reforçou que, apesar da idade avançada e das enfermidades, sua liberdade representaria risco social.
Em fevereiro, o blog revelou em detalhes o modo de agir do empresário, acusado de aplicar o chamado “golpe do amor” em senhoras solitárias sócias do Clube Athletico Paulistano, um dos mais tradicionais de São Paulo. A reportagem mostrou que, além do clube, ele também utilizava aplicativos de relacionamento para se aproximar das vítimas, criar vínculos afetivos e convencê-las a entregar grandes quantias de dinheiro.
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Uma das vítimas, uma enfermeira de 75 anos, moradora de Perdizes, conheceu Mattar por um aplicativo em julho de 2024. Duas semanas depois, ele a levou para almoçar em um restaurante de luxo, insistindo em pagar a conta para conquistar sua confiança. Apresentando-se como César Racy, disse ser empresário com 27 franquias e alegou que investia em aplicações internacionais com rendimentos de 30% ao mês. Mais tarde, afirmou que precisava de recursos para liberar um contêiner retido no Porto de Santos. Convencida, a idosa transferiu R$ 353 mil ao longo de quatro meses, em operações via PIX e TED.
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A segunda vítima identificada pela reportagem foi uma empresária do agronegócio, de 72 anos. Em apenas três meses de namoro, ela entregou R$ 100 mil em espécie, cedeu um cartão de crédito ilimitado e comprou um carro de R$ 150 mil para o golpista. Mattar ainda convenceu a empresária a lhe dar acesso ao aplicativo do banco em seu próprio celular, garantindo controle irrestrito sobre sua conta.
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A Polícia Civil de São Paulo confirmou que o histórico de estelionatos de Mattar remonta à década de 1970. Desde essa época, ele acumula uma extensa ficha com condenações, prisões e até três fugas do sistema penitenciário. Em 2012, ele escapou pela última vez da custódia, sendo recapturado apenas em 2016 durante uma operação em Santos, que encontrou documentos falsificados, cartões bancários e carnês fraudulentos em seu poder.
Agora preso em São Vicente, César Mattar enfrenta mais uma vez o peso das acusações que coleciona ao longo de quase cinco décadas. “Fui apaixonado por todas as mulheres que hoje me acusam de golpes. Sinto muito se eu não correspondi às expectativas delas. Peço perdão”, disse Mattar ao blog em março.
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