Polícia investiga falsos médicos que atuaram por dois anos em SP e são suspeitos de envolvimento em oito mortes

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À esquerda, Mayke César Silva, suspeito de atuar como falso médico e, à direita, o Hospital Jardim Helena, na Zona Leste de SP — Foto: Reprodução/ Polícia Civil


A Polícia Civil de São Paulo investiga dois homens suspeitos de atuarem como falsos médicos em um hospital particular na Zona Leste da capital paulista. A investigação aponta que eles são suspeitos de envolvimento em ao menos oito mortes de pacientes e, no período em que exerceram a medicina de forma ilegal, atenderam ao menos nove mil pessoas.

O caso chegou aos policiais do 22º Distrito Policial de São Miguel Paulista por meio de uma denúncia anônima. Nesta terça-feira (16) foram cumpridos cinco mandados de busca e apreensão em endereços ligados aos suspeitos. Os policiais também foram ao Hospital Jardim Helena, que opera na Rua Erva de Andorinha, no Jardim Helena, onde trabalhavam os falsos médicos.

O primeiro suspeito foi identificado pela polícia como Mayke César Silva, de 33 anos de idade. Segundo o delegado José Mariano de Araújo Filho, Silva é formado em biomedicina e usava o registro de um médico de Marília, interior paulista, para trabalhar no hospital. Os policiais contataram o portador do registro, que disse que sabia que Mayke vinha usando o nome dele e informou que já tinha gastado valores significativos para tentar impedir a situação, por meio de advogados.

O segundo suspeito ainda não teve a identidade confirmada pela investigação. Ele usava o registro e o nome “Nicolas”, de um médico de Catanduva, no interior paulista, para trabalhar na instituição. A investigação entrou em contato com o portador do registro, que negou qualquer vínculo com o Hospital Jardim Helena.

A polícia tentou prender Mayke nesta segunda, mas não o localizou. Outra investigada é a prima do suspeito, Débora dos Santos. Os pagamentos de Mayke eram feitos em uma conta que estava no nome da mulher e ele ia trabalhar em um carro de luxo, uma BMW, que foi registrada no nome de Débora.

Os delitos apurados vão de exercício ilegal de medicina a estelionato, lavagem de dinheiro, falsidade ideológica e o crime de expor a vida ou a saúde de terceiros a perigo.

— Esse cara foi avisado no hospital que a polícia estava atrás dele e “vazou” (fugiu). Eles entraram se dizendo pediatras, depois clínicos gerais e atuaram por 2 anos. E durante o período eles atenderam quase 9 mil pessoas. Nós identificamos que um desses médicos atendeu 5 pessoas que morreram e o outro atendeu três — diz o delegado.

Entre os pacientes que morreram está uma fisioterapeuta de 32 anos de idade. Ela foi atendida no ano passado por Mayke e chegou ao hospital com um diagnóstico de dengue. A mulher procurou a unidade porque não estava apresentando melhoras, mas, no período em que ficou hospitalizada, teve uma parada cardíaca. Segundo a investigação, o falso médico tentou ressuscitar a mulher, mas ela não resistiu.

Além das oito mortes, os médicos também assinaram diversos atestados de óbito. Eles trabalhavam tanto na clínica-geral, realizando consultas, como na área de emergências. O delegado afirma que a polícia coletou nesta terça diversos prontuários médicos no hospital e que deve dimensionar com mais exatidão os problemas ocasionados pela atuação dos supostos falsos médicos nas etapas seguintes da investigação.

O GLOBO tenta contato com os suspeitos e com o hospital.



Com informações da fonte
https://oglobo.globo.com/brasil/noticia/2025/12/16/policia-investiga-falsos-medicos-que-atuaram-por-dois-anos-em-sp-e-sao-suspeitos-de-envolvimento-em-oito-mortes.ghtml

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