Após mais de 24 horas da morte do empresário Gabriel Farrel, de 31 anos, instrutores de paraquedismo que conviveram com o atleta ainda tentam compreender o que teria acontecido com ele. Segundo informações preliminares, Gabriel havia morrido ao saltar sobre a Praia da Reserva, na nova Zona Sudoeste do Rio, uma vez que seu paraquedas não funcionou como previsto. Os profissionais lamentaram o episódio, e alertaram sobre a importância de diferenciar algumas modalidades radicais do paraquedismo comum.
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— Precisei fazer um salto pouco tempo depois de descobrir o que havia acontecido e estava com a cabeça muito perturbada. Entrei no avião e só pensava nele, mas tentei ressignificar aquele momento. Quis saltar para honrar a memória do Gabriel, que morreu fazendo o que amava — relembra o instrutor Fábio Lima, que se sentiu extremamente abalado ao saber da morte do empresário, a quem conhecia há seis anos.
Até o momento, não se sabe de qual aeronave Gabriel teria saltado. Em suas redes sociais, no entanto, o atleta compartilhava registros em que aparecia utilizando um paratrike, ou seja, um equipamento motorizado, que possui um parapente acoplado a um triciclo leve, capaz de permitir voos a até 3.000 metros.
De acordo com Fábio, dezenas de pessoas o procuraram ainda no domingo — dia da morte do empresário — para tentar entender o que teria acontecido com o paraquedas do atleta durante o salto. — Eu expliquei, para quem me ligou, que o que ele fazia era diferente, era base jump, um outro tipo de modalidade.
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Base jump X paraquedismo
Diferente do paraquedismo tradicional, o base jump é uma modalidade radical não-regulamentada. No primeiro, deve-se saltar de uma aeronave regularizada, ter dois paraquedas — que podem ser acionados de quatro formas diferentes, sendo uma delas automática —, além de passar por uma supervisão rigorosa do equipamento antes do salto. Já no segundo, a adrenalina é mais intensa, pode-se pular de alturas mais baixas — e em locais inusitados, como picos, antenas e prédios — e o atleta conta consigo mesmo para acionar a abertura do paraquedas, que deve ser feita até o momento em que o salto alcança 50 metros do chão.
Segundo Duda Balthazar, responsável técnico de atividade da empresa Rio Paraquedismo, a prática do esporte segue rigorosamente as normas estabelecidas pela Confederação Brasileira de Paraquedismo (CBPq), o que garante a segurança.
— Caso ocorra alguma intercorrência durante o salto, é impossível que o paraquedas reserva não seja acionado automaticamente. Além das regulamentações da CBPq, seguimos as recomendações do fabricante, e fazemos cursos bastante específicos para que possamos ser instrutores de salto duplo — garante Balthazar.
A atividade radical, que custa em média R$ 1.800 por pessoa no Rio de Janeiro, pode ser feita em dupla — entre aquele que deseja experimentar o esporte e um instrutor capacitado — ou de forma individual, requerendo um curso de paraquedismo, com até seis meses de duração.
— O salto em si não é uma experiência de pura adrenalina, mas uma transformação pessoal. Durante o tempo que estamos no ar, conseguimos lembrar de nós mesmos, experimentamos um misto de sentimentos e, ao notar que vencemos o medo, alcançamos o êxtase — detalha o profissional.
Para aqueles que farão o esporte radical pela primeira vez, Duda Balthazar indica uma alimentação balanceada antes da atividade, como também a redução do consumo de álcool e outras drogas durante as 12 horas que antecedem a prática. No que diz respeito às roupas, o ideal é usar peças que garantam a flexibilidade e sejam confortáveis. O protetor solar é igualmente indispensável no dia do salto, uma vez que há uma grande exposição solar.
Segundos antes do salto, o instrutor diz que busca tranquilizar os clientes ao fornecer explicações simples e objetivas.
— Eu trabalho com isso há 25 anos, já realizei mais de seis mil saltos duplos, sei como as pessoas se comportam no momento de pular da aeronave. Eu apenas digo o que deve ser feito, sem detalhar os motivos e, assim, eles conseguem absorver as informações experimentar um salto tranquilo.
*Estagiária sob a supervisão de Leila Youssef
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Com informações da fonte
https://extra.globo.com/rio/noticia/2025/09/instrutor-de-salto-amigo-de-empresario-morto-em-acidente-de-paraquedas-avalia-o-que-pode-ter-acontecido-em-queda-morreu-fazendo-o-que-amava.ghtml
Instrutor de salto amigo de empresário morto em acidente de paraquedas avalia o que pode ter acontecido em queda: 'Morreu fazendo o que amava'
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