Conheça o Yayá Comidaria, restaurante que celebra o acarajé e a culinária com raiz preta em plena Zona Sul do Rio

Um ‘’quilombo urbano’’ em pleno bairro do Leme, na Zona Sul do Rio de Janeiro, que tem o acarajé – um dos protagonistas do menu como algo sagrado. Comandado pela chef Andressa Cabral, carioca filha de Oyá que homenageia as baianas de tabuleiro em sua cozinha, o Yayá Comidaria Pop Brasileira é destaque da série em vídeo “Sabores do Rio’’, publicada no Instagram do jornal EXTRA. Em “minidocs” mensais, o projeto mostra a rotina e a realidade por trás de bares e restaurantes.
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– O Yayá pra mim é uma fantasia de ir para a casa de alguém que você gosta e ficar batendo papo na cozinha. Tanto que eu trouxe a cozinha para o salão. É um espaço de valorização da cultura preta brasileira, pensado por gente preta, executado por gente preta, frequentado por gente preta e por quem enaltece e reconhece esse valor – define Andressa, responsável também pelo sucesso do festejado Meza Bar, no Humaitá.
No restaurante que valoriza raízes e heranças culturais, mas com um olho no contemporâneo, Andressa enaltece o dendê em tempos de febre do óleo de coco. No cardápio, além dos já citados acarajés, opções como o bolinho de jiló com linguiça, o peixe à Inajá e a picanha suína na cachaça, sem esquecer do bobó de camarão, fazem um carinho em quem valoriza um tempero autêntico.
A menina que cresceu em Santa Teresa, sonhou ser médica e largou o curso de Medicina no quinto ano hoje emprega de 30 a 38 funcionários no ramo da Gastronomia. E não esconde o amor pelo que faz, mas sem romantizar.
Andressa Cabral, chef à frente do Yayá Comidaria Pop Brasileira
Fernando Lemos
– A cozinha é um campo de trabalho que encanta muito, mas cansa demais também. Então, muitas vezes, no papel de chefe eu tenho que ser aquela malabarista do sinal. E acho que esse é o meu maior desafio: ver pessoas com jornadas longas – que começam acordando cedo em casa, cuidando de filho ou até de alguém doente – e motivá-las o tempo todo – frisa Andressa, pontuando: – A jornada pesada vai deixando as pessoas muito cansadas e, eventualmente, sem brilho no olho. Perde-se a vontade de ser excelente. Então, é jogar a bolinha para o alto todo dia, entender e receber críticas diariamente. Começando pelas minhas, pessoais, mas indo até a do próprio funcionário, do colaborador, do cliente, do colega de trabalho.
O ‘’pop’’ não está cravado só junto ao nome do restaurante Yayá. Reconhecida no seu ramo de atuação, Andressa foi chamada a se aventurar nos programas de TV culinários que proliferaram mundo afora nos últimos anos, inclusive no Brasil. Ela é apresentadora do “Iron chef Brazil’’, da Netflix, e consultora do “Chef de alto nível’’, da Globo:
– Em 2000, quando eu estava começando, as pessoas não viam pessoas como eu fazendo essa ponte, abrindo o restaurante, sendo dona do próprio lugar, estando na televisão. Eu não fui impactada por histórias como a minha, por exemplo. E hoje, eu acho que ser uma pessoa relativamente conhecida me traz para esse lugar de satisfação, porque pessoas como eu veem pessoas como nós. Elas têm algum exemplo. Mas acho que não foi a TV que divulgou o meu trabalho, a TV me descobriu através do meu trabalho.
A definição de sucesso para ela está longe de ser midiática, é mais ligada ao reconhecimento entre os seus.
– Sucesso para mim é ter uma comunidade à minha volta sorrindo com o meu sorriso. E poder botar a cabeça no travesseiro com a tranquilidade do dever cumprido. Isso me faz ter uma noite boa e me motiva a acordar no dia seguinte.



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